Economia / Sustentabilidade
  

Brasil terá ônibus elétricos híbridos articulados em 2016​

Produzidos pela Volvo, os veículos são oferecidos às cidades pela multinacional sueca em um pacote que inclui infraestrutura para recarga da bateria nos pontos de parada

por Murilo Gitel - EcoDesenvolvimento*   publicado às 07:01 de 22/04/2015

Em tempos de mudanças climáticas, problemas de saúde relacionados à poluição e ruídos nas grandes cidades, o desenvolvimento de soluções inovadoras e ambientalmente corretas para o setor de transporte público assume um papel de relevância. Uma das novidades nesse sentido são os ônibus elétricos híbridos articulados, que possuem tecnologia plug-in, capaz de permitir recarga rápida nos pontos de embarque e desembarque de passageiros.

Ônibus elétrico híbrido em Hamburgo, na Alemanha. Menos 75% de CO2 nas ruas. Foto: Divulgação/Volvo

Esses veículos deverão circular em Curitiba e Bogotá (Colômbia), no início de 2016, em fase de testes. Produzidos pela Volvo, os ônibus elétricos híbridos são oferecidos às cidades pela multinacional sueca como um pacote abrangente, que inclui também infraestrutura para recarga da bateria nos pontos de parada e serviços de pós-venda para otimizar a operação. Como no modelo híbrido, a bateria não é vendida junto com o veículo, é cedida ao operador de transporte por um custo fixo por quilômetro rodado.

"Não adianta colocarmos simplesmente um ônibus dotado dessa tecnologia em uma cidade cujo sistema de transporte é desorganizado", justifica Luis Carlos Pimenta, presidente da Volvo Bus Latin America, em entrevista ao EcoD. Em Itajaí (SC), onde a companhia sueca sediou, no último final de semana, mais uma etapa da regata mundial Ocean Race, o executivo, que é engenheiro mecânico, destacou os benefícios da chamada "eletromobilidade". 

“Estamos customizando um projeto global para atender as necessidades de transporte da América Latina, de ônibus de alta capacidade para circular nos corredores do BRT (Bus Rapid Transit). A demanda por ônibus com baixas ou zero emissões está crescendo na América Latina. Bogotá, adotou um ousado plano de redução de emissões no transporte urbano. No Brasil, Curitiba e Rio de Janeiro também estão caminhando nesta direção”, reforça Pimenta.

Redução de poluentes
Lançado comercialmente em agosto de 2014, na feira internacional de veículos IAA em Hannover, na Alemanha, o ônibus elétrico híbrido já está em operação em Gotemburgo (Suécia); Hamburgo (Alemanha); e na cidade de Luxemburgo (Luxemburgo).

Segundo os especialistas da Volvo, o modelo possui tecnologia que reduz o consumo de combustível e de emissão de gás carbônico (CO2) em até 75%, em comparação com o ônibus a diesel convencional. Por sua vez, o consumo total de energia é diminuído em 60%.

Um estudo de mestrado desenvolvido na Escola Politécnica da USP pelo engenheiro Godofredo Winnischofer atestou que um modelo elétrico híbrido produzido em série, que apresenta um motor a combustão interna e aciona um gerador elétrico, consegue uma redução de poluentes da ordem de 99% para hidrocarbonetos, 82,5% de monóxido de carbono e 96% de óxido de nitrogênio.

Há ainda a previsão de avançar o projeto para outras cidades na América Latina, como Rio de Janeiro e São Paulo, no Brasil; e Santiago, no Chile. "Até 2020 queremos ter pelo menos 10% dos ônibus que fazem longos trajetos na AL nesse sistema de eletromobilidade", projeta Edward Jobson, diretor de Meio Ambiente da Volvo Bus

“O desenvolvimento do transporte público eletrificado tem avançado muito rapidamente. O principal impulso vem dos tomadores de decisão, que querem reduzir drasticamente o consumo de energia, a poluição e o barulho nas áreas urbanas”, reforça Håkan Agnevall, presidente mundial da empresa.

Custos e incentivos
Como nem tudo são flores, os ônibus elétricos híbridos custam até 50% a mais do que os convencionais a diesel, sobretudo porque são dotados de dois motores. Contudo, essa diferença cai para os operadores quando o poder público oferece incentivos voltados a esse setor. Um bom exemplo vem de Bogotá, que utiliza atualmente 177 unidades do modelo híbrido em seu sistema de BRT. Na capital colombiana, por exemplo, a cobrança de imposto sobre importação tem desconto de 5% e não existe a tributação acerca da venda - o que equivale a 33% e 16% do valor do veículo, respectivamente.

Aqui no Brasil, o único incentivo concedido atualmente, segundo Pimenta, é a carência de dois anos para o financiamento por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). De acordo com o presidente da empresa, os estados e municípios brasileiros também deveriam oferecer benefícios, até porque "esses ônibus se pagam ao longo do tempo" e trazem inúmeras vantagens ambientais para à população. "A liberação de publicidade nos veículos, que é proibida em boa parte do Brasil, pode ser uma das alternativas criativas para os operadores minimizarem os custos", aponta.

Você sabia?

Ônibus elétricos: Circulam apenas à base de bateria. Não são autossuficientes em energia e nem economicamente viáveis para corredores (BRT), mas trata-se de uma boa alternativa para as regiões centrais das cidades, pois não emitem poluentes e são silenciosos.
 
Ônibus híbridos: Geram a energia que consomem via sistema de frenagem. Economizam 35% de combustível. Andam no modo elétrico até 20 quilômetros nas arrancadas, depois disso, passam a atuar também com diesel. Hoje há mais de 2 mil unidades no mundo.
 
Ônibus elétricos híbridos: Ideais para trechos mais longos e menos travados. Economizam até 70% de diesel em operações normais. Geram a própria energia e ainda recebem carga interna.

*O repórter viajou à Santa Catarina a convite da Volvo.

Tags:

redução, economia, meio ambiente, ônibus, eletricidade, poluição, energia, transporte público, emissões, gás carbônico, co2, ruído, híbridos

Confira também

Cidade InformaEconomia / Sustentabilidade
14/10/2015
Horário de verão começa neste fim de semana
por Marieta Cazarré - Agência Brasil
Cidade InspiraEconomia / Sustentabilidade
Cidade InovaEconomia / Sustentabilidade
22/10/2014
Produtos mais eficientes geram economia anual de até R$ 1.200 em apartamento
por Cristina Indio do Brasil - Agência Brasil