Inteligente para cativar crianças e versátil o bastante para ganhar autonomia para disputar campeonatos de futebol pelo mundo, o robô humanoide NAO começa a se popularizar na educação brasileira. Com apenas 57 centímetros de altura, ele possui câmeras, microfones, altofalantes, sensores de pressão e sonares que permitem que ele fale, dance, brinque de adivinhação e interaja com alunos.
NAO, o robô que diverte e ensina programação. Foto: Divulgação
Fabricado pela empresa francesa Aldelbaran, o NAO já chegou à nona geração e, no Brasil, a maior parte de sua população está concentrada na rede municipal do Recife (PE), onde há um ano 10 robôs se revezam por 30 escolas para ensinar crianças a programar desde cedo. “Com os pequenos, que ainda não sabem escrever, a gente trabalha com a interação e usamos uma sequência de cartões com figuras para indicar ações para o robô. Mais tarde, ensinamos a fazer isso no computador, com o software de programação visual Choregraphe”, explicou ao Porvir durante a Campus Party, Regina Mainardi, diretora pedagógica da Somai, empresa responsável pelos contratos do NAO no país.
O NAO se apresenta como um grande amigo para desenvolver o raciocínio lógico por meio de missões robóticas e, geralmente, aparece na sala de aula duas vezes por semana, de acordo com recomendação do programa pedagógico da Somai. Se os mais novos contam com a ajuda de programação visual com uso das caixas no Coregraphe, alunos de ensino médio e universitários debruçam-se sobre as linhas de código de Python e C++, por exemplo, para movimentá-lo de uma forma mais complexa e até fazê-lo dirigir um carro de criança (veja vídeo abaixo).
Além de atividades lúdicas, ele também ajuda em pesquisas avançadas em robótica e ciência da computação em diversas universidades pelo país, como ICMC (Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação/USP), UnB (Universidade de Brasília), Universidade Federal do Pampa e a UEA (Universidade do Estado do Amazonas). Nesta última, entender a marcha do NAO tem auxiliado cientistas em pesquisas sobre biopróteses, futebol robótico e no desenvolvimento de uma língua de sinais para humanoides.
Em outro trabalho marcante, sua presença também auxilia na socialização de portadores de autismo, como acontece no GAIA (Grupo de apoio ao indivíduo com autismo), de São José dos Campos (SP). “Nós levamos o NAO e a reação foi fantástica tanto pelos terapeutas quanto pelas crianças, que têm uma facilidade muito grande de interagir com a tecnologia”, diz Artur Mainardi Jr., diretor executivo da Somai.
Apesar de fazer praticamente de tudo, o NAO enfrenta dificuldades na hora de desembarcar no país e apresentar seus documentos à Receita Federal, que impõe sobretaxa e faz seu preço atingir R$ 100 mil. “Ele é considerado um brinquedo pela Receita, apesar de laudos do ICMC (Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação/USP), da FEI e de mais de uma série de pessoas. Então, além das taxas de importação normais, o NAO ainda paga mais por essa classificação”, explica Mainardi Jr.