Sociedade / Política
  

Após crise eleitoral, Jovenel Moïse toma posse como presidente do Haiti

Com um ano de atraso, a primeira República negra da história, marcada pela instabilidade política, retornará à ordem constitucional tendo um presidente eleito por sufrágio universal

por Radio France Internationale   publicado às 09:08 de 08/02/2017, modificado às 09:08 de 08/02/2017

Após uma crise eleitoral que paralisou a vida política do país por um ano e meio, Jovenel Moïse tomou posse como presidente do Haiti na última terça-feira (7) na capital, Port-au-Prince. O empresário de 48 anos assina o início de sua carreira política chegando ao mais alto cargo no país mais pobre do Caribe. As informações são da Radio France Internationale.

Porto Principe (Haiti) - Monumento inaugurado em 12 de janeiro de 2011, um ano após o terremoto, em homenagem aos militares mortos. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Jovenel Moïse entrou para a política em 2015, impulsionado por Michel Martelly, eleito presidente em 2011. Martelly queria fazer desse produtor de banana, apelidado de "Homem Banana" durante a campanha, o seu sucessor.

O presidente em fim de mandato, uma estrela do Carnaval que divertia multidões abusando de uma linguagem grosseira, contrasta com seu sucessor de personalidade sóbria e desconhecido do público. Moïse venceu o primeiro turno da eleição presidencial em outubro de 2015. Mas, por causa dos protestos e fraudes, a votação foi cancelada.

O empresário, que pretende reativar, pela agricultura, a economia haitiana, finalmente foi confirmado presidente em novembro de 2016, quando a votação foi remarcada após a passagem do furacão Matthew.

Primeira República negra

No final do mandato de Michel Martelly, em 7 de fevereiro de 2016, por falta de sucessor eleito a tempo, o Parlamento escolheu o então presidente do Senado, Jocelerme Privert, para ocupar o cargo como interino.

Nesta terça-feira, Privert entregou a faixa presidencial ao presidente da Assembleia Nacional, que, em seguida, a passou a Jovenel Moïse.

Com um ano de atraso, a primeira República negra da história, marcada por uma tradição de instabilidade política, retornará à ordem constitucional tendo um presidente eleito por sufrágio universal.

Mais de 2 mil pessoas foram convidadas para a posse do 58ª chefe de Estado haitiano. As cerimônias vão acontecer no palácio presidencial, que foi destruído durante o terrível terremoto de janeiro de 2010.

Rigor: palavra de ordem

O rigor tem sido a palavra de ordem para a organização das cerimônias, de acordo com a equipe do presidente eleito, já que o Haiti está em plena crise econômica. O país tem mais de US$ 2 bilhões em dívida, e o crescimento não deve exceder 1% em 2017.

De acordo com o porta-voz da equipe de transição, o custo da posse se aproxima a US$ 1 milhão, enquanto as posses de René Préval e Michel Martelly custaram mais de US$ 4 e US$ 2 milhões respectivamente.

Nenhum ex-chefe de Estado haitiano confirmou presença. Jovenel também disse ter convidado os outros 53 candidatos na eleição presidencial como um sinal de sua disposição para apaziguar o clima político. Mas o ambiente continua conflituoso, porque sua vitória no primeiro turno continua a ser contestada.

Tags:

Haiti, eleições, furacão matthew, martelly, moïse, república negra, préval

Confira também

RevistaSociedade / Política

Maio / 2017

Os polos do Equador
por THIAGO BORGES
RevistaSociedade / Política

Dezembro / 2016

Meu (não tão) querido presidente
por MARTINA CAVALCNTI
RevistaSociedade / Política