Um novo grupo de 247 militares brasileiros saiu da Base Aérea do Recife na manhã de ontem (29) para integrar a Força de Paz da Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (Minustah). A missão da ONU já dura 12 anos.
Militares brasileiros vão integrar a Força de Paz da Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (Minustah). Foto: Sumaia Villela/Agência Brasil
Essa é a primeira etapa do embarque. Até o dia 10 de dezembro, 970 homens e mulheres – 120 deles da área de engenharia e logística – serão enviados para o Haiti, tendo em vista o furacão que atingiu o país em outubro. Eles fazem parte do 25º contingente brasileiro a usar os capacetes azuis das Nações Unidas. Recentemente, a ONU estendeu a presença da missão de paz no país até abril de 2017.
Com a prorrogação, a expectativa é que esse contingente seja o último a embarcar para o Haiti. Posição defendida pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, em entrevista à imprensa na cerimônia ocorrida no Recife.
“A ONU tem prorrogado isso em nome da não conquista do Haiti pela sua estabilidade. Nós estamos lá há 12 anos e entendemos que é hora de atender outros pedidos. Temos pedidos da ONU de pelo menos 14 ou 15 outras missões de paz a serem exercidas pelo Brasil”, disse. “Por nós, eu acho que o nosso ciclo deveria estar encerrado. Mas isso vai depender, evidentemente, das negociações das Nações Unidas e do governo brasileiro”.
Questionado sobre novas missões de paz com a participação brasileira, o ministro preferiu não dar detalhes. “Essa decisão passa pelo Ministério das Relações Exteriores e pela Defesa, e para decisão pelo presidente da República. E que será referendada pelo Congresso Nacional, porque missão de paz necessariamente precisa da autorização do Congresso para que se realize”.
Terremoto e eleições no Haiti
Com a passagem do Furacão Matthew pelo país no início de outubro, as tropas brasileiras têm trabalhado com a distribuição de comida e remédios para a população, e também na reconstrução de estradas atingidas.
O país deveria ter realizado uma eleição presidencial em 9 de outubro, mas o pleito foi adiado por causa dos estragos causados pelo fenômeno natural. O primeiro turno acabou ocorrendo no dia 20 de novembro. Por acusações de fraude, a votação do ano passado foi cancelada.
Os 968 militares que estão no Haitit começam a voltar para casa em etapas a partir de amanhã (30). O novo contingente (o quinto a ser formado por maioria de nordestinos) vai assumir as funções para os próximos seis meses. Na cerimônia de ontem - já vestindo capacetes azuis -, os militares foram liberados da formação para se despedir das famílias, o momento de maior emoção da despedida.
Como a maior parte dos integrantes selecionados é de Pernambuco, as famílias compareceram em grande número. Esposas e maridos, mães, pais e filhos davam o último abraço.
Leandro David Pereira dos Santos, 24 anos, do município de Garanhuns, foi acompanhado da esposa Jamylle Rodrigues, 23 anos. Ela mal conseguia falar. “Sinto muito orgulho, muito triste no momento, mas sei que vai...”, interompeu, chorando. Acompanhada da única filha do casal, que tentava impedir qualquer conversa para ficar abraçada ao pai, a jovem conta que vai passar o período de seis meses com a família.
Leandro conta que sempre teve vontade de prestar ajuda humanitária e conhecer outro país. “Minha expectativa é grande. Como as eleições ocorreram de forma tranquila, a situação está amenizada. A expectativa é que o 25º seja o último contingente. É muita força de vontade de fazer parte desse grande momento de encerramento”, afirma.
Em respeito às vítimas da queda do avião do Chapecoense, ocorrida na madrugada de hoje (29) na Colômbia, o cerimonial do evento que ocorreu na Base Aérea do Recife decidiu não tocar o Hino Nacional nem as outras músicas programadas.