O Escritório para a América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidos para os Direitos Humanos (ACNUDH) condenou ontem (16) as “execuções extrajudiciais” de dois jovens suspeitos de roubo por policiais militares no Butantã, zona oeste da capital paulista, na segunda-feira (7).
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Um vídeo de câmera de segurança mostrou Paulo Henrique Porto de Oliveira sendo rendido, revistado, algemado e depois baleado pelos policiais. Já Fernando Henrique da Silva é mostrado em imagens sendo arremessado do telhado de uma casa por um policial. Os policiais alegaram que ambos foram mortos em tiroteios.
Por meio de nota, Amerigo Incalcaterra, representante do ACNUDH para a América do Sul, pediu que os fatos sejam investigados exaustiva e imparcialmente. “É essencial que as execuções extrajudiciais sejam investigadas por um órgão independente da Polícia Militar de São Paulo. Só assim se pode evitar que os responsáveis fiquem na impunidade”, disse Incalcaterra.
“Esse tipo de fato recorrente evidenciaria uma cultura institucional de violência e impunidade nas polícias. Por isso, chamo as autoridades a revisar a doutrina e o funcionamento das forças de segurança do país, além de investigar, julgar e sancionar os responsáveis por estas condutas”, acrescentou o representante do ACNUDH, que ainda solicitou que os policiais sejam treinados a agir segundo os protocolos internacionais de respeito aos direitos humanos.
Na última terça (15), em entrevista à Agência Brasil, o ouvidor da polícia, Julio Cesar Fernandes Neves, disse que há fortes evidências da existência de grupos de extermínio na Polícia Militar paulista. Segundo ele, tais grupos de extermínio continuam existindo dentro da polícia paulista porque não há punição por esses crimes.