O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou ontem (15) o projeto Rotas Acessíveis, que adaptará os principais pontos turísticos da cidade para portadores de deficiência. Os 25 atletas do Time Rio Paralímpico, equipe fruto da parceria entre o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e a Empresa Olímpica Municipal, participaram do evento, no qual Paes apresentou também um balanço das ações de acessibilidade implantadas pela prefeitura nos últimos anos.
Pontos turísticos do Rio terão percursos adaptados para melhorar acessibilidade. Foto: Divulgação
Segundo o prefeito, o Rotas Acessíveis é iniciativa importante para o legado dos Jogos Paralímpicos, que serão disputados no Rio no ano que vem. Paes disse que os atletas paralímpicos são um grande espelho para dar continuidade às ações voltadas para os portadores de deficiência.
“Vemos esses atletas competindo e se superando cada dia mais, e esse é um motivo para continuarmos trabalhando em prol da melhoria da cidade. Infelizmente, o Brasil, historicamente, é um país muito covarde, que só olha para a sua maioria e cuida muito pouco da outra parcela da sociedade que tem problemas circunstanciais e importantes", disse o prefeito. Ele acrescentou que, quando se urbaniza uma rua, torna-se acessível o ir e vir de um portador de deficiência. "É muito gratificante e motivo de orgulho para todos nós.”
Ao fazer um balanço de ações de acessibilidade implementadas nos últimos anos, o secretário da Casa Civil, Pedro Paulo Carvalho, disse que, por mais que se faça, por mais haja melhora, a cidade não pode ser considerada perfeita. “Requalificamos 9 mil pavimentos em bairros da zonas norte e oeste, mas esses índices de melhoria e o lançaemento de projetos não significam que a cidade está perfeita ou 100% acessível."
Para um portador de deficiência, é quase impossível pedir um táxi, acrescentou Carvalho. "Isso é uma vergonha para a cidade. Existe um conjunto de medidas a serem tomadas ainda, mas, aos poucos, a prefeitura vem colocando em dia o atraso com essa camada da população.”
Para o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons, as ações de acessibilidade são essenciais para o desempenho dos atletas nos Jogos. “Vocês [atletas] foram a Toronto e arrasaram no Parapan com uma campanha inesquecível. E isso se dá também graças ao apoio que a prefeitura oferece, à iniciativa do Time Rio e às medidas para melhorar o dia a dia dos atletas." Parsons disse que tem conversado com atletas de outros países e que todos revelam um certo temor de competir em casa com os brasileiros. "Tenho certeza de que faremos um grande papel nos Jogos". O Time Rio conquistou 30 das 45 medalhas de ouro obtidas pelo Brasil no Parapan de Toronto.
O atleta Felipe Gomes, da equipe de atletismo, deficiente visual, que ficou com o ouro nos 400 metros e no revezamento 4 por 100 do Parapan, afirmou que, por mais que encontre dificuldades, o Rio melhorou e não deve nada aos outros países. “Aqui ainda estamos caminhando, construindo para colher lá na frente. Isso pode trazer dificuldades momentâneas, mas que só fará com que possamos viver melhor. E lá fora [no exterior] não é nada de outro mundo, não. Estamos no mesmo patamar, seguramente.”
Os Jogos Paralímpicos Rio 2016 serão realizados entre os dias 7 e 18 de setembro do ano que vem e receberão 4.350 atletas de mais de 170 países. Em 11 dias de competição, serão disputadas 528 provas em que estarão em jogo medalhas de ouro, prata e bronze.