Sem consenso dos 35 países para a elaboração de uma carta final conjunta, a 7° Cúpula das Américas terminou com uma declaração de Juan Carlos Varela Rodríguez, presidente do Panamá, país anfitrião do encontro. No documento de quatro páginas, o panamenho lista os assuntos acordados entre os líderes americanos nos dois dias de cúpula, entre eles, o apoio à reaproximação entre Cuba e os Estados Unidos e à negociação para o fim do conflito com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Representantes de 35 países estiveram reunidos por dois dias, no Panamá, na 7ª Cúpula das Américas. Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República
O motivo da falta de consenso sobre a declaração conjunta foi a exigência da Venezuela de incluir no documento condenação às sanções impostas pelos Estados Unidos ao país. Em março, a Casa Branca decretou a suspensão do visto de sete funcionários do governo venezuelano e o congelamento de seus bens em território norte-americano. O governo dos Estados Unidos declarou na ocasião que a Venezuela representa uma “ameaça incomum e um problema extraordinário para os Estados unidos” e alegou que o governo de Nicolás Maduro adota medidas antidemocráticas. Em resposta às sanções, a Venezuela resolveu cobrar visto de cidadãos dos Estados Unidos que visitem o país.
Apesar do impasse, o presidente do Panamá destacou no documento que houve consenso em 90% das propostas citadas no documento final, que tratam de temas como educação, segurança, saúde, energia e políticas de imigração.
Rodríguez citou os avanços recentes na negociação de paz entre o governo da Colômbia e as Farc e disse que o conflito nunca esteve tão próximo do fim. “Nunca antes estivemos tão perto de pôr fim a este longo conflito e de chegar à paz na Colômbia, que também representa a paz em todo o nosso continente. Por isso, esperamos que o governo da Colômbia e as Farc cheguem rapidamente a um acordo neste ano, para que todos possamos contribuir com o que mais importa: a implementação e a consolidação da paz.”
O panamenho também enfatizou a reaproximação entre os Estados Unidos e Cuba, que tiveram, na cúpula, um encontro histórico, retomando negociações bilaterais depois de mais de 50 anos, e disse que a cúpula teve o papel histórico de criar pontes para ajudar nesse processo.
“A decisão anunciada pelos presidentes dos Estados Unidos e de Cuba para avançar em um novo enfoque das relações entre seus países criou uma expectativa legítima de que situações antigas e recentes, que tensionaram as relações entre os dois hemisférios do continente, possam ser resolvidas”, avaliou.
O documento lista resoluções acordadas pelos países para ampliar o acesso à educação no continente, fortalecer o ensino técnico e a oferta de emprego para os jovens em situação de risco, e aproximar as universidades do setor público para elaboração de projetos de infraestrutura. Nesse contexto, teve destaque também a proposta surgida na cúpula de criar um Sistema Interamericano de Educação.
Na declaração, o panamenho diz que os líderes americanos compartilham a preocupação e a necessidade de unir esforços contra o terrorismo, o crime organizado e outras ameaças à segurança dos cidadãos, por meio do fortalecimento da cooperação entre os países e a adoção de medidas para prevenir a violência e a delinquência.
Segundo Rodríguez, houve ainda acordo para ações de cooperação entre os países para proteção dos direitos humanos dos imigrantes.
A 7° Cúpula das Américas reuniu chefes de Estado e de Governo e representantes dos 35 países do continente. De acordo com Rodríguez, o presidente do Peru, Ollanta Humala, ofereceu-se para ser o anfitrião do próximo encontro, ainda sem data definida.