Meio-ambiente / Sustentabilidade
  

Banco Mundial estima que 4 milhões de latino-americanos vivem do lixo reciclado

Desses, 75% trabalham de forma insalubre, procurando em montanhas de lixo algo para vender. A separação do lixo na fonte é fundamental para garantir a dignidade desses trabalhadores​

por ONU Brasil   publicado às 12:00 de 02/01/2015, modificado às 12:05 de 02/01/2015

Uma das chaves para que milhões de pessoas na América Latina tenham um trabalho mais digno pode resumir-se em um ato tão simples como separar o lixo “reciclável” do “não-reciclável”.

Banco Mundial estima que 4 milhões de latino-americanos vivem do lixo reciclado. O argentino Sebastián Masa trabalhou mais de cinco anos em um lixão a céu aberto. Foto: V. Ojea/ONU

Em todo o mundo cerca de 15 milhões de pessoas ganham a vida recuperando material reciclável no lixo. Destes, 4 milhões estão na América Latina, onde pelo menos 75% trabalham de forma insalubre, procurando em montanhas de lixo algo para vender. O que esses recuperadores informais têm em comum são as condições desumanas em que trabalham e vivem.

Para o especialista em desenvolvimento social do Banco Mundial, Ricardo Schusterman, além das condições insalubres, há outros problemas relacionados a uma longa cadeia de intermediários, que resultam em exploração e crime. 

A promoção de empregos alternativos, que envolva ou não o manuseio de resíduos sólidos, em combinação com programas de apoio social aparece como uma solução para evitar a exclusão social. Uma opção é conceber os recuperadores como empresários. 

Na região existe um grande potencial econômico para desenvolver empresas que se dediquem à reciclagem. Um latino-americano produz em média entre um e 14 quilos de lixo por dia. Se fosse separado na fonte, ou seja, nas próprias casas onde os resíduos são descartados, aproximadamente 90% poderia ser reconvertido em combustível ou reciclado.

Exército Verde

“Os recuperadores são um exército verde, porque trabalham pelo planeta sem saber. Criaram um negócio onde o resto viu desperdício”, explica Albina Ruiz, que se define como lixóloga e atualmente preside a Cidade Saudável, uma associação que busca uma mudança de atitude em relação ao problema do lixo sólido e que treinou e formalizou mais de 11.500 catadores no Peru.

Para reverter esse quadro, em toda a América Latina surgiram associações e cooperativas na busca de condições dignas de trabalho e de maior rentabilidade, seja por meio da coleta porta a porta ou em fábricas de separação.

De acordo com especialistas, existem aspectos centrais para melhorar a vida dos recuperadores. Um deles é a separação na origem que facilita a vida dos recicladores. 

Tanto o Peru quanto o Brasil têm leis explícitas que exigem a inclusão social dos trabalhadores informais, como parte da modernização dos sistemas de resíduos sólidos. Outros países da região, como a Colômbia, apresentam projetos de lei em tramitação.

Tags:

reciclagem, lixo, dignidade, resíduos sólidos, coleta, renda, recicladores, recuperadores

Confira também

RevistaMeio-ambiente / Sustentabilidade

Junho / 2017

Índia em guerra contra o consumo de plástico
por ANA CAROLINA WOLFE
Cidade InstigaMeio-ambiente / Sustentabilidade
ambientado
Dicas para uma viagem sustentável
por Ana Carolina Wolfe
Cidade InstigaMeio-ambiente
ambientado
Veta população!
por Ana Carolina Wolfe