O papa Francisco encontrou-se hoje, no Vaticano, com 473 representantes do Movimento dos Focolares, entre eles a presidente reeleita Maria Emmaus Voce e o copresidente recém-eleito Jesús Morán.
Durante a audiência, o pontífice reafirmou a necessidade de testemunhar “o amor de Deus por cada pessoa, a começar pelos mais pobres e excluídos” e comparou o Movimento a uma árvore “que agora estende seus ramos em todas as expressões da família cristã e mesmo entre membros de diferentes religiões e entre os muitos que cultivam a justiça e a solidariedade com a busca da verdade”.
A presidente reeleita do Movimento dos Focolares, Maria Emmaus Voce, saúda o papa Francisco durante audiência realizada na Sala Clementina, no Vaticano, nesta sexta-feira (26/09). Foto: Reprodução CTV
Nesse sentido, Francisco apontou três palavras-chave para que os Focolares deem continuidade ao trabalho desenvolvido até aqui. A primeira delas é “contemplar”, que significa “contemplar Deus e as maravilhas do seu amor”, mas também “viver na companhia dos irmãos e irmãs, repartir com eles o pão da comunhão e da fraternidade”, porque “a contemplação que deixa os outros de fora é um engano, é narcisismo”.
A segunda é “sair”. “Sair como Jesus saiu do seio do Pai para anunciar a palavra do amor a todos, até doar-se por inteiro no madeiro da cruz”, disse o pontífice, ressaltando a necessidade de fazê-lo com generosidade, respeito e gratuidade. Para isso, prosseguiu, é necessário saber dialogar, “sonhar alto e alargar a visão”:
Papa Francisco. Foto: Mazur/Catholic Church England and Wales (23/02/2014).
“Machuca o coração quando, em frente a uma igreja, a uma humanidade com muitas feridas, feridas morais, feridas existenciais, feridas de guerra, das quais ouvimos falar todos os dias, vemos cristãos que começam a fazer ‘bizantinismos’ filosóficos, teológicos, espirituais. É necessário, ao invés, uma espiritualidade do sair. Sair com essa espiritualidade: não ficar fechados. Isso está errado. Isso é ‘bizantinismo’! Hoje não temos o direito à reflexão ‘bizantinística’. Temos que sair! Porque – como eu disse outras vezes – a igreja é como um hospital de campanha. Quando você vai a um hospital de campanha, o primeiro trabalho é curar, não checar a dosagem do colesterol... isso virá mais tarde”, exortou.
Finalmente, o papa citou João Paulo II, que convidou a Igreja a se tornar “casa e escola de comunhão”, para definir a terceira palavra-chave: “fazer escola”, para formar mulheres e homens novos, para a construção de uma nova humanidade. E parafraseando a fundadora do Movimento, Chiara Lubich, afirmou que “é necessário formar ‘homens-mundo’, homens e mulheres com a alma, o coração, a mente de Jesus e, por isso, capazes de reconhecer e interpretar as necessidades, as preocupações e as esperanças que habitam o coração de cada homem”.
O Movimento dos Focolares
O Movimento dos Focolares nasceu há cerca de 70 anos em Trento (norte da Itália), durante a Segunda Guerra Mundial. Então com pouco mais de 20 anos, Lubich e suas companheiras decidiram consagrar sua vida à vivência do Evangelho e deram início a um movimento de difusão do amor ao próximo como ideal de vida que se espalhou por todo o mundo e conquistou adeptos para além do catolicismo.
Hoje o Movimento está presente em 182 países, conta com cerca de dois milhões de aderentes e simpatizantes. Entre seus membros encontram-se voluntários, consagrados, famílias, religiosos, padres, freiras, além de pessoas provenientes de igrejas cristãs não-católicas, fiéis de grandes religiões não-cristãs e pessoas de convicções não-religiosas. No Brasil desde 1959, os Focolares estão hoje presentes em quase todas as capitais e deram origem à Editora Cidade Nova, fundada em 1962.
*Com informações de Città Nuova