Vida pessoal e o trabalho

Qual caminho seguir quando a vida vira de cabeça para baixo e sua produtividade no trabalho é atingida?

por Darlene Ponciano Bomfim   publicado às 00:00 de 11/07/2019, modificado às 17:43 de 11/07/2019

“Sempre fui dedicado ao trabalho e isso me fazia ter um ótimo desempenho. Há alguns meses, enfrento problemas pessoais sérios, com os quais ainda não consigo lidar. Minha vida virou de cabeça para baixo. Apesar de nenhum desses problemas estar relacionado à minha atividade profissional, minha produtividade foi afetada drasticamente. Não consigo mais me concentrar como antes e sinto que estou perdendo até a criatividade. Meus colegas e meu chefe já perceberam essa mudança. Como fazer para retomar o ritmo e a competência de antes?” Hélio Furtado

Quando a vida parece ter virado de ponta cabeça, algumas coisas são essenciais. A primeira é identificar a causa ou as causas, mesmo que seja difícil. Parar um pouco, pegar um papel e anotar, escrever mesmo, se possível não no computador.

Tente identificar cada uma delas e também apontar quando começou e qual a intensidade para você no momento. Pode usar uma escala de zero a dez para ajudar. Fazer isso significa “olhar o monstro” de frente, desenhar como realmente ele é. Por incrível que pareça, na maioria das vezes, é menos feio do que imaginamos. Quando não identificamos com clareza uma situação, temos a tendência de aumentá-la e vê-la como catastrófica. 

O segundo passo importante é, com calma, buscar saídas para os problemas; um de cada vez, mesmo que sejam complexos. O cérebro se agita quando não vemos solução e isso aumenta o estresse. Dividir as metas e criar estratégias para caminhar aliviam e aumentam o poder de resolução; e o cérebro gosta disso.

Nós somos um todo. Sem perceber, você evidencia isso na pergunta, quando diz saber que o problema não é no âmbito profissional, mas reflete diretamente nele. É assim mesmo! Não é possível deixar os problemas na porta do escritório, da empresa ou da nossa casa. Essa porta não existe. Somos um todo o tempo todo. Admitir isso é bom e abre possibilidades. Corpo, mente, alma, espírito... impossível separar. Ainda bem!

E para lhe tranquilizar, a competência não se altera assim tão rápido, o que você sabe, o que você adquiriu, estão lá. O que realmente altera é o ritmo, o desempenho, a concentração, o entusiasmo.

Outra sugestão para esses momentos cruciais, de estresse contínuo é ter uma boa e sincera conversa com a chefia. Não precisa se expor em demasia, mas explicar a situação com clareza cria laços e reforça valores humanos reciprocamente. Vale a pena também estudar a possibilidade de tirar férias, se for possível, ou alguns dias de descanso.

Compartilhar

Palavrinha mágica! Procure alguém com quem conversar, partilhar; mas precisa ser alguém bacana, maduro, e que, se possível, não esteja na mesma situação. Alguém de fora vê coisas que a pessoa imersa na situação não vê. Isso ajuda na busca de saídas.

Porém se depois de tudo isso, você olhar para a situação em que se encontra e perceber que as forças são muito menores, a solução é realmente procurar ajuda especializada: um psicólogo, um coach, um médico clínico ou psiquiatra. Sem preconceitos. Ajuda é para retomarmos o caminho, não é fraqueza.

Por fim, estabeleça uma pequena coisa positiva para fazer a cada dia. Apenas uma. Uma coisa diferente todos os dias: ligar para um amigo, dar um sorriso, escrever, caminhar por ruas diferentes, usar roupas bonitas no dia a dia, ler algo prazeroso, ver um filme, ouvir uma música, ajudar alguém. E celebre cada pequena conquista, valorize cada pequeno passo dado.

 

Darlene Ponciano Bomfim

Profissional de Coach

 

*Artigo publicado originalmente na revista Cidade Nova, novembro 2018. 

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