Independente de religião ou crença, celebrar a Páscoa é sempre significativo. Significado, aliás é o que a torna uma festa tão bonita, não só para cristãos e judeus, mas também para a nossa sociedade.
Páscoa é esperança, é vida nova, é reunião de família, é renovação.
Para celebrar essa data tão especial, Cidade Nova fez um apanhado de reflexões conduzidas por grandes pensadores: católicos, sociólogos, evangélicos, judeus.
Com elas, desejamos a todos vocês nossos votos de Feliz Páscoa!
Nós, cristãos, acreditamos e sabemos que a ressurreição de Cristo é a verdadeira esperança do mundo, a esperança que não decepciona. É a força do grão de trigo, a do amor que se humilha e oferece até ao fim e que verdadeiramente renova o mundo. Esta força dá fruto também hoje nos sulcos da nossa história, marcada por tantas injustiças e violências. Dá frutos de esperança e dignidade onde há miséria e exclusão, onde há fome e falta trabalho, no meio dos deslocados e refugiados – frequentemente rejeitados pela cultura atual do descarte – das vítimas do narcotráfico, do tráfico de pessoas e da escravidão dos nossos tempos.
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“Sabeis que, daqui a dois dias, celebrar-se-á a Páscoa; e o Filho do homem será entregue para ser crucificado”. O último anúncio da morte de Jesus dá-se dois dias antes da páscoa. Muito embora as autoridades judaicas tramavam prender Jesus à traição dois dias antes da páscoa para matá-lo depois da festa (Mc 14.1,2), Jesus deixa claro para seus discípulos, que essas autoridades estavam apenas cumprindo um plano divino já traçado antecipadamente. Não é o homem que está no controle da situação, mas Jesus. A história da redenção nunca esteve nas mãos dos homens, mas sempre esteve nas mãos do Eterno. Nessa última comunicação de sua morte, Jesus mostra que na mesma festa da páscoa, quando um cordeiro sem defeito seria imolado, ele, sendo o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, seria entregue para ser crucificado. Sua morte substitutiva nos trouxe vida, seu sangue nos trouxe purificação e sua ressurreição nos trouxe esperança.
O que mais caracteriza o cristianismo, o que distingue o seu fundador, Jesus, é a sua ressurreição, o fato de ter ressurgido da morte! Ele ressurgiu da morte! Não como outros ressurgiram; por exemplo, Lázaro, que mais tarde, quando chegou a sua hora, morreu. Jesus ressuscitou para nunca mais morrer, para continuar a viver também como homem no Paraíso, no coração da Trindade. E 500 pessoas o viram! Evidentemente não era um fantasma. Era Ele, era Ele mesmo: «Põe aqui o teu dedo e vê minhas mãos; estende a tua mão, e coloca-a ao meu lado.» (Jo 20,27), disse Ele a Tomé.
Jesus comeu com os discípulos, falou aos seus e ficou com eles por 40 dias... Jesus renunciou à sua infinita grandeza por amor a nós e se fez pequeno, homem entre os homens, como um de nós; somos tão pequenos que, de um avião, não podemos ser vistos. Mas, ressuscitando, Jesus rompeu, superou todas as leis da natureza, do cosmo inteiro, mostrando-se assim maior do que tudo o que existe, de tudo o que havia criado, de tudo o que podemos imaginar. De tal forma que também nós, ao intuirmos essa verdade, não podemos deixar de reconhecer nele Deus. Não podemos deixar de agir como Tomé e, ajoelhados diante dele em adoração, confessar e dizer sinceramente: «Meu Senhor e meu Deus!».
Conheça o livro O Grito, de Chiara lubich
Um momento bonito para duas religiões: cristianismo e judaísmo, mas com a mesma importância: a ideia de que a vida vai vencer a morte, de que a luz afasta as trevas.
Da palavra hebraica de Pessach, que em latim significa atravessar, ultrapassar, ir além, sair daquilo que amarga a vida e conseguir chegar em um momento que apesar de toda a turbulência haverá passagem, alternativa.
(...) Independentemente da religião é uma festa muito bonita que representa a esperança humana, a capacidade de derrotar o que tira vitalidade.
(...) É um momento em que podemos comemorar a possibilidade de não nos rendermos aquilo que nos abafa, aquilo que nos afoga. Isso não é fingir que os problemas não existem. Não é dissimular as agruras, as chateações, as dores e as dificuldades, mas é imaginar que elas não são vencedoras sempre.
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A Páscoa cristã celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu por três dias, até sua ressurreição. É um dos dias mais importantes da religião cristã. Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, a Páscoa judaica. É a morte para a vida, sendo que a última ceia partilhada por Jesus Cristo e seus discípulos narrada nos Evangelhos é considerada geralmente um Seder, o jantar de Pessach.
O que desejo expressar é que o mundo, movido pelas diferenças, deixa de lado as semelhanças. Pessach e Páscoa não são formas diferentes de comemorar coisas distintas, mas podem e devem ser entendidos como objetos semelhantes. Quem não deseja liberdade? Quem não deseja o entendimento? Jesus era judeu. Portanto, quais são as diferenças tão evidentes que afastam as pessoas do entendimento?
Ao desejar a todos uma Feliz Páscoa ou um Pessach Sameach [uma Páscoa judaica feliz], chamo a atenção para nossas convergências e nossas semelhanças. Chamo a atenção para que tenhamos um real compromisso com a transparência, como um todo, e com o conhecimento, em particular. Chamo a atenção para que lutemos pelas liberdades plenas, tendo a consciência de que um mundo melhor nasce a partir disso. O resto pode até colaborar para melhorar, mas não para a essência do pacifismo.
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