Educação
  

Escola pública brasileira fica em 2º lugar em desafio internacional

Promovido por empresa de impacto social israelense, a concurso aponta o trabalho da EMEF Desembargador Amorim Lima, de São Paulo (SP), como exemplo de inovação

por Vinícius de Oliveira - Porvir*   publicado às 08:36 de 11/01/2018, modificado às 08:36 de 11/01/2018

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima, de São Paulo (SP), ficou em segundo lugar no Edumission, iniciativa da empresa de impacto social israelense Education Cities para criação de uma rede de escolas inovadoras de diferentes partes do mundo que, por meio da troca de experiências e ideias, consigam encorajar outras instituições a transformarem suas práticas. A vencedora foi a No Bell School, da Polônia e, em terceiro lugar, ficou a Little Forest Folk, da Inglaterra.

Festa Junina na EMEF Desembargador Amorim Lima. Foto: Facebook

O processo de seleção do Edumission envolveu centenas de escolas, sendo que 22 delas acabaram convidadas para o desafio final (10 brasileiras!). Nesta etapa, as escolas tiveram que produzir um minicurso a partir de vídeos descrevendo inovações, visão educacional e metodologia para as outras participantes. As equipes das três instituições que subiram ao pódio ganharam uma viagem de intercâmbio para conhecer as práticas educacionais.

Localizada na zona oeste de São Paulo, a Amorim Lima é uma escola que há muito tempo se destaca na rede municipal. Apesar de ter sido fundada no final da década de 1950, no inícios dos anos 2000 ela passou por uma profunda transformação para ganhar uma identidade própria. Por lá, não há divisões por séries, as provas deixaram de ser aplicadas e o currículo é flexível conforme os interesses dos estudantes. As mudanças ocorreram para reduzir a evasão escolar e diminuir os números de faltas dos professores. Depois de repensar a proposta pedagógica, a metodologia de ensino e a própria concepção, a escola começou a valorizar a autonomia dos estudantes e a desenvolver ações de aproximação com as famílias.

Para a diretora Ana Elisa Siqueira, o reconhecimento no Edumission veio graças à determinação e o esforço das pessoas que trabalham na Amorim Lima. “A Amorim não é uma escola que tem todas as condições ideais e que seleciona seus alunos. Tudo o que a gente faz é em razão da força das pessoas”. Ela acredita ainda que a perspectiva de escola democrática deve ter pesado na avaliação da escola, porque a ideia de autonomia dos alunos e da participação da comunidade foi um ponto bastante explorado nos vídeos enviados para a fase final. “Fora isso, estamos com um projeto que acontece há algum tempo, que não começou ontem, e está consolidado em uma escola com 800 alunos”, avalia.

O novo reconhecimento internacional da escola paulistana, que já está na lista de escolas transformadoras da ONG Ashoka e também no mapa de inovação criado pelo MEC (Ministério da Educação), precisa provocar a rede pública a criar um plano institucional, segundo Helena Singer, vice-presidente Ashoka para a Juventude na América Latina. “A Amorim Lima é uma escola que já teve todo o reconhecimento que poderia ter sobre inovação e, no entanto, não é uma instituição de formação de professores. Existe um desperdício com tudo o que o Amorim conquista porque é um empenho voluntário e individual de sua equipe. Institucionalmente, ela não é olhada como uma potência para transformação sistema da educação”, afirma Helena, que foi integrante da comissão julgadora do desafio ao lado do consultor britânico Ken Robinson, do professor indiano Sugata Mitra, do psicólogo americano Peter Gray, além de Yaacov Hecht, educador de Israel e especialista em escolas democráticas.

*Texto original publicado pelo portal Porvir.