“Como é servir um alimento na escola? É servir com o coração, com amor. A gente pega o alimento na mão e sabe que tem centenas de crianças esperando por aquela refeição”. É assim que a merendeira Daniela Fernando Felizardo, de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, descreve seu trabalho rotineiro. Ela é uma das cinco vencedoras do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar. As ganhadoras foram premiadas em cerimônia na última quinta-feira (26), em Brasília.
Gustavo Chianca lembra que os programas de alimentação escolar foram umas das estratégias responsáveis por tirar o Brasil do Mapa da Fome. Foto: FAO/Thays Puzzi
Em sua segunda edição, a competição — promovida pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ministério da Educação (MEC) — recebeu mais de duas mil inscrições de todas as partes do Brasil. As cinco vencedoras viajarão, em 2018, para a República Dominicana, onde conhecerão iniciativas locais de alimentação escolar.
O concurso teve o apoio do programa de cooperação entre o Estado brasileiro e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
“O mais gratificante para nós, merendeiras, é quando a gente está na rua ou mesmo na escola e uma mãe ou um pai te para e te diz: meu filho está se alimentando melhor graças a você”, acrescenta Daniela.
Conheça as vencedoras da etapa nacional do concurso:
ONU elogia alimentação escolar no Brasil
Gustavo Chianca, representante-assistente da FAO no Brasil, lembrou que a alimentação escolar foi uma das razões pelas quais, em 2014, o Brasil deixou de fazer parte do Mapa da Fome, quando o índice de pessoas passando fome no país ficou abaixo dos 5%. Hoje, o Brasil mantém a cifra inferior a 2,5%.
“A alimentação escolar foi a grande responsável porque, quando ela passou a entrar nas estatísticas brasileiras, fez o Brasil sair do Mapa da Fome rapidamente. E para a FAO esse é um grande exemplo e uma ferramenta-chave na erradicação da fome no Brasil e no mundo”, assinalou Chianca.
Já o diretor do Centro de Excelência contra a Fome, do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Daniel Balaban, elogiou o trabalho desenvolvido pelas merendeiras. “Basta termos vontade que nós conseguimos transformar a realidade do nosso país. As merendeiras brasileiras nos mostram isso. Todas vocês são vencedoras. Graças aos alimentos que vocês preparam nossas crianças são capazes de compreender o que está sendo dito dentro da sala de aula.”
O presidente do FNDE, Sílvio Pinheiro, disse que, mesmo com o cenário nacional de restrição orçamentária, foi possível ampliar em mais de 20% o orçamento para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “Esse é um programa que atende 40 milhões de crianças e fornece 50 milhões de refeições todos os dias.”
As vencedoras do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar receberam prêmios em dinheiro nos valores de R$ 1.000,00 (terceiro lugar), R$ 3.000,00 (segundo lugar) e R$ 6.000,00 (primeiro lugar).