Um seleto grupo de 27 refugiados completou neste mês o curso “Refugiado Empreendedor” na Escola de Negócios do Sebrae São Paulo. E com uma grata surpresa logo depois da cerimônia de formatura: representantes de três instituições financeiras apresentaram as linhas de crédito disponíveis para microempreendedores individuais e microempresas.
Formandos, coordenadores e professores celebram a formatura dos 27 refugiados em São Paulo. Foto: Sebrae Nacional
Cristiano Estreeter Botero, de 39 anos, um dos formandos, se interessou em conversar com o Banco do Povo, instituição do governo paulista que provê crédito com taxa de juros baixa a refugiados reconhecidos no país. “O curso foi fantástico, e espero que venha a ser repetido para novas turmas de refugiados”, afirmou o colombiano que abandonou sua empresa exportadora de madeira em seu país por causa da violência e buscou refúgio no Brasil em 2013.
O projeto Refugiado Empreendedor, organizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) em parceria com o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), recebeu o apoio da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Teve o objetivo de capacitar refugiados e solicitantes de refúgio para enfrentar os desafios burocráticos, administrativos e de mercado e para orientá-los sobre a abertura e gestão de suas próprias empresas no Brasil. O curso gratuito, iniciado em abril, foi desdobrado em duas partes.
A primeira etapa, com dois módulos, atendeu a 130 refugiados e solicitantes de refúgio que tiveram aulas à distância em três idiomas – português, francês e inglês. A segunda fase, presencial, foi destinada a refugiados residentes há mais de um ano no país, com conhecimento de português básico, conclusão da primeira etapa do curso e Cadastro de Pessoa Física (CPF), da Receita Federal do Brasil.
“Crédito vem do verbo acreditar. Será liberado somente para alguém que apresente um projeto crível e claro e que tenha condições de assumir os riscos”, explicou Maurício Mezalira, especialista em financiamento do Sebrae. “É preciso cumprir os rituais”, alertou, referindo-se à necessidade de planejamento, controle rigoroso do caixa da empresa e conhecimento do mercado.
Nelson Hervey, gerente de Políticas Públicas e Relações Institucionais do Sebrae-SP, explicou que a instituição acompanhará esse grupo de refugiados até o final do ano, antes de lançar uma reedição do curso.