Foto: Antonio Costa
Trinta e seis detentas da Penitenciária Feminina do Paraná, em Piraquara, receberam nesta segunda-feira (05/05) uma homenagem antecipada em comemoração ao Dia das Mães. São mulheres que mantém os filhos na creche que funciona nessa unidade de regime fechado da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, localizada na Região Metropolitana de Curitiba.
Foto: Antonio Costa
Por meio do projeto "Mês das Mães: Momento Cultural", desenvolvido pela unidade penal em parceria com o "Programa Ciência e Transcendência: Educação, Profissionalização e Inserção Social", da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), as detentas assistiram a uma apresentação do Quarteto de Cordas da universidade, apresentaram um número de canto e tiveram a oportunidade de declarar o amor pelos filhos por meio de cartas escritas e lidas por elas.
Um dos destaques da homenagem foi a exposição de fotografias das mães presas e de seus filhos, realizada pelo Grupo Help-Portrait, que também integra o projeto da PUC/PR. A equipe da Help-Portrait, que faz um trabalho voluntário voltado à valorização da dignidade humana, entregou a cada mãe os retratos, considerados por todas uma inesquecível lembrança.
Foto: Antonio Costa
A jornalista Michele Bravos, que coordena o projeto, explicou que a intenção é encontrar pessoas em situação de vulnerabilidade ou invisibilidade, interagir e trocar experiências com elas. A Help Portrait contou com 12 voluntários de produção de moda, maquiagem e cabelo, além dos fotógrafos, ponto de partida para o resgate da autoestima dessas mulheres. Alguns dias depois, a equipe voltou ao local para entregar as fotos e fechar o ciclo do projeto.
O movimento Help Portrait existe desde 2009, nos Estados Unidos, e começou a atuar em Curitiba em 2012. “Realizamos trabalhos com fotografia nessa busca de resgate social em várias instituições. Aqui na penitenciária foi a primeira vez”, conta Michele.
A coordenadora explicou que a ideia é que o sentimento de valorização comece com a proposta de arrumar o cabelo e fazer a maquiagem. “No caso das mães detidas na penitenciária, a meta foi possibilitar que essas mulheres percebam que elas são muito mais do que o uniforme, que o número que receberam ao entrar na unidade ou que as ações que as levaram a estar ali”, disse Michele. “As fotos também servem para passar o aconchego entre as mães e seus filhos. A intenção é que elas vejam nas crianças uma motivação para serem diferentes”.
Foto: Antonio Costa
R.M.P., de 31 anos, presa há um ano e cinco meses por envolvimento com tráfico de drogas, tem dois filhos. Uma menina de 12 anos, que vive com parentes, e um menino que completará um ano de idade na véspera do Dia das Mães, mantido na creche da penitenciária. “Me sinto muito feliz de passar esse dia perto do meu filho, mas também triste por não estar perto da outra filha. Esse Dia das Mães me faz ver como é importante esse amor que passamos e recebemos pelo fato de nunca desejar isso a eles e, principalmente, que tenham um bom futuro”.
“Foi um trabalho importante porque, com isso, tentamos resgatar a autoestima delas, a identidade de cada uma como mulher, através de fotografias artísticas para eternizar este momento com as crianças, num vínculo amoroso, que é um dos nossos objetivos”, enfatizou a diretora da Penitenciária Feminina do Paraná, Rita Costa.
O evento contou com a presença de professores e alunos da PUC/PR, entre eles o gestor e a coordenadora do programa "Ciência e Transcendência", Fernando Arns e Cristiane Arns, e servidores do Departamento de Execução Penal (Depen).