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Aberto o processo de beatificação e canonização de Chiara Lubich

A celebração realizada nesta terça, 27, em Frascati (Itália), foi acompanhada por 800 pessoas no local e 18 mil pela internet. O Papa Francisco enviou uma mensagem

por Redação*   publicado às 21:38 de 27/01/2015, modificado às 07:58 de 28/01/2015

A Catedral de Frascati estava lotada, apesar da hora do rush de um dia de semana, 27 de janeiro, data em que a humanidade rememora a tragédia do Holocausto. E é para que “a humanidade e a história possam conhecer novos caminhos de paz” que Maria Voce, atual presidente do Movimento dos Focolares, postulou o reconhecimento do testemunho de vida da fundadora, Chiara Lubich. Porque “seus olhos e seu coração eram movidos por um amor universal, capaz de abraçar todas as pessoas além de todas as diferenças, sempre determinado a cumprir o testamento de Jesus, ‘Que todos sejam um’”.

Foto: Movimento dos Focolares

A imagem das centenas de pessoas que se reuniram em Frascati para a abertura do processo de beatificação e canonização de Chiara Lubich traz à memória os tantos momentos vividos por ela em todos os cantos da Terra, onde conheceu pessoas de todas as idades e nacionalidades, culturas e religiões. Ou as muitas ocasiões em que lhe foram conferidos cidadanias, títulos honoríficos, prêmios os mais variados. Aceitava-os não para si mesma, mas para o bem que isso poderia despertar em termos de difusão da mensagem evangélica que ela propôs e viveu.

Por isso, não causava estranheza que, em um evento tipicamente católico, estivessem presentes membros de outras igrejas e religiões, além de homens e mulheres sem referenciais religiosos.  Pessoas que, com Chiara, percorreram um trecho de estrada comum e nela viram – e ainda veem – um modelo de santidade e uma pessoa plenamente realizada.

A cerimônia foi simples, como definitivamente teria preferido a fundadora dos Focolares. Houve a recitação das Vésperas, presidida por Dom Martinelli e, logo em seguida, as obrigações canônicas previstas. Com alegria, um público composto por cardeais, bispos, sacerdotes, pessoas simples, prefeitos e administradores, representantes de movimentos, associações, homens e mulheres de cultura e da mídia, acompanhava a celebração. De Trento, cidade natal de Chiara, havia um representante das instituições civis, bem como de Frascati, Rocca di Papa e dos municípios vizinhos que a tiveram como concidadã. No total, eram cerca 800 pessoas reunidas na Catedral, enquanto mais de 18 mil acompanhavam o evento em transmissão ao vivo pela internet.

O papa Francisco se fez presente por meio de uma mensagem transmitida a todos pelo Cardeal Bertone. O pontífice augurou que "o exemplo luminoso da vida da fundadora do Movimento dos Focolares suscite naqueles que conservam a sua preciosa herança renovados propósitos de fidelidade a Cristo e generoso serviço à unidade da Igreja” e exortou “a dar a conhecer ao povo de Deus a vida e a obra daquela que, aceitando o convite do Senhor, acendeu uma nova luz sobre o caminho em direção à unidade”.

Igualmente calorosa foi a saudação de Dom Martinelli, que reconheceu como uma “tarefa não-fácil”, a causa de beatificação de uma pessoa multifacetada como Chiara Lubich e relembrou o que aqueles que estão empenhados na causa deverão “realçar aquilo que há de extraordinário em viver as virtudes cristãs”.

É composta por 98 nomes a lista de pessoas que serão chamadas a testemunhar, sendo a primeira delas a atual presidente do Movimento dos Focolares, Maria Voce, no dia 12 de fevereiro. E já chega a 50 o número de pessoas em idade avançada que foram ouvidas pelo tribunal extraordinário instituído pelo bispo para permitir que muitos conhecedores diretos de Chiara pudessem testemunhar enquanto ainda tivessem condições de fazê-lo.

Além do registro dos testemunhos, a causa diocesana de beatificação e canonização prosseguirá com a compilação de seus escritos não publicados. O Tribunal de Justiça nomeado pelo bispo Martinelli é composto por Mons. Angelo Amati, como delegado episcopal, d. Emanuele Fawed-Kazach, promotor de justiça, e Patricia Sabatini, notária. Por seu lado, a postulação nomeada pela presidente dos Focolares é formada pelo postulador d. Silvestre Marques e dois vice-postuladores: Lucia Abignente e Waldery Hilgeman.

Na conclusão da celebração Maria Voce agradeceu ao bispo e aos envolvidos no processo. Depois de expressar alegria, emoção e surpresa com a mensagem do papa, a presidente dos Focolares afirmou que “o nosso única desejo, podemos assegurar-lhes, é oferecer à Igreja e à humanidade o dom que Chiara é para nós e para muitas pessoas” e sublinhou que “aceitando o carisma que Deus lhe deu, Chiara se dedicou para que esse caminho de vida evangélica fosse percorrido por muitos, constantemente determinada a ajudar aqueles que encontrava a colocar Deus em primeiro lugar e ‘fazer-se santos juntos’.

Ela também relembrou o grupo das primeiras e dos primeiros companheiros de Chiara, “que permitiram desde o primeiro momento testemunhar a beleza e a possibilidade de percorrer juntos, em unidade, o caminho em direção à única meta”. E concluiu: “vamos esperar com humildade a sábia decisão do Santo Padre e pedir a Deus, só para a sua glória e para o bem de muitos, que, com a possível reconhecimento do exemplo de Chiara, a humanidade e a história possam conhecer novos desenvolvimentos de paz, unidade e de fraternidade universal”.

*Com informações de Aurora Nicosia, da Città Nuova, e Movimento dos Focolares.

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