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Escolas do futuro prepararão para a vida, diz pesquisa

Levantamento com mais 645 especialistas de todo o mundo indica que habilidades socioemocionais terão cada vez mais importância na formação dos estudantes

por Fernanda Kalena - Porvir   publicado às 16:30 de 17/10/2014, modificado às 16:30 de 17/10/2014

Nas escolas do futuro, muitas coisas vão ser diferentes: a tecnologia vai estar mais presente, o ensino vai ser personalizado, abordagens híbridas de aprendizado vão ser mais exploradas, o foco vai sair do conteúdo curricular e as habilidades socioemocionais vão ocupar lugar fundamental na formação dos estudantes. É o que mostra a pesquisa lançada esta semana pelo Word Summit for Education (Wise), da Fundação Catar, denominada School in 2030 (Escolas em 2030).

Escolas do futuro prepararão para a vida, diz pesquisa. Foto: Luigi Giordano/Fotolia

No total, foram ouvidos 645 especialistas de todo o mundo e 75% deles afirmaram que o conhecimento acadêmico não será o mais valorizado na formação dos estudantes, mas sim, as competências pessoais, como a habilidade de interagir com os outros, de se comunicar, de tomar decisões e de gerir o tempo de forma eficaz.

A preocupação em preparar os estudantes para a vida, e não apenas para responderem testes, é uma discussão que está ganhando cada vez mais espaço no Brasil. Em março deste ano, o Instituto Ayrton Senna publicou uma pesquisa realizada com 25 mil alunos, que mostrou que o desempenho dos estudantes melhora nos conteúdos cognitivos quando eles desenvolvem as competências socioemocionais. Por exemplo, um jovem mais resiliente e persistente tende a ir melhor em exatas, por não desistir logo no primeiro erro e ter o ímpeto de continuar tentando até acertar.

Para atender a essa tendência, em julho, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) lançou o Programa de Apoio à Formação de Profissionais no Campo das Competências Socioemocionais, que fomentará a produção acadêmica sobre habilidades não cognitivas e a formação de professores nessa área.

Com o crescente acesso à internet por parte dos alunos, o professor deixa de ser a primeira fonte de conhecimento e se torna ainda mais imprescindível no papel de orientação e mediação

A ênfase nessas habilidades também ressoa na expectativa dos especialistas em relação às reformulações dos modelos de ensino. 83% deles acreditam que o currículo, em 2030, vai ser personalizado, respeitando os interesses e atendendo às necessidades individuais de cada estudante, tornando o aprendizado um processo mais colaborativo.

Instituições de ensino de diversos países já estão adotando modelos de ensino personalizado. Um exemplo de rede de escolas que tem um modelo voltado às necessidades de cada aluno é a High Tech High, localizada na Califórnia, nos Estados Unidos. Como o Porvir mostrou no especial sobre personalização, as 11 escolas da rede possuem quatro pilares pedagógicos: personalização, conexão com o mundo real, interesse comum em aprender e professor como designer do aprendizado.

Assim, o professor passa a assumir um papel de mentor, ajudando os alunos a descobrirem seus interesses, talentos e assim buscar autonomamente um aprendizado adequado às suas necessidades. De acordo com a pesquisa do Wise, 73% dos entrevistados disseram acreditar que o professor terá como função orientar os alunos ao longo de suas trajetórias de aprendizagem autônoma.

Essa nova postura do docente também apareceu no relatório do NMC (New Media Consortium), de junho deste ano, que apontou as seis principais tendências para a educação básica. A justificativa é que com o crescente acesso à internet por parte dos alunos, o professor deixa de ser a primeira fonte de conhecimento e se torna ainda mais imprescindível no papel de orientação e mediação. O educador passa a ter que ensinar os estudantes a aprender ao longo da vida, a relacionar conteúdos pedagógicos com o mundo real e os instiga a aprofundar suas pesquisas para além da internet.

Os 645 especialistas ouvidos para a pesquisa School in 2030, responderam a um questionário on-line, durante o mês de junho. Deles, 38% são do da área de educação, 32% de organizações sem fins lucrativos, 17% do setor público e 13% do setor privado.

Tags:

educação, sabedoria, formação, sociedade, conhecimento, decisão, habilidades socioemocionais, personalização, vida

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