Espiritualidade / Educação
  

Somente o rosto do outro é capaz de despertar o melhor em nós!

Uma experiência pessoal de encontro com o outro que transmite solidariedade.

por Felipe Pasquôto   publicado às 15:00 de 18/10/2024

Há alguns meses tenho a graça de colaborar com a Missão Educativa Marista na cidade de Birigui. Diariamente, posso experimentar o que afirma um provérbio africano: “eu sou porque nós somos!”, já que no encontro com crianças, adolescentes, jovens e adultos que compõem a comunidade educativa somos sempre chamados a dar o melhor de nós, a “sair de nós mesmos”. 

 Meu sonho de criança sempre esteve conectado à educação. Gastava algumas horas do meu dia brincando de professor. Pouco a pouco, cresci, tornei-me adolescente e percebi que era necessária uma educação que levasse a uma experiência autêntica de solidariedade, de encontro com o outro. A preocupação a que sempre se deu ênfase é que, para “ser alguém na vida”, é necessário passar nas melhores universidades e ocupar os ditos melhores espaços para ter um poder aquisitivo bom e segurança na vida. 

O tempo passou e, com ele, outras experiências vieram até que neste ano de 2024 vim até a cidade de Birigui, onde há dois anos, abriu-se uma Escola Marista. É neste momento que meus anseios encontraram-se no espaço-tempo da vida com uma oportunidade e puderam ser realizados. 

Pouco a pouco, nos poucos meses que aqui estou, passei a sentir e saborear a realidade de que educar, para nós, maristas de Champagnat, não tem tanto a ver com resultados, mas com processos que impactam positivamente a vida do outro. Aqui, queremos desenvolver um ambiente onde as novas gerações tenham a oportunidade de acreditar em um futuro cheio de esperanças, em um mundo mais solidário e amoroso, em que tudo é de todos! Sem dúvida, colaborar com a Missão Marista é despertar dentro da gente o melhor que existe dentro de nós, o amor concreto por aqueles que são os preferidos do Reino de Deus.

Porém, a Missão não termina no cotidiano escolar. Enquanto pastoralista desta Unidade, neste ano, experimentei a amplitude e a abrangência do sonho de Champagnat: com base na educação chegar a todos, ao dom da fraternidade no mundo, a começar das crianças e adolescentes, e por meio deles a toda a sociedade. Durante o mês de julho, realizamos na cidade de Ribeirão Preto a Missão Solidária Marista com o tema que é o título deste artigo. Junto a adolescentes de tantas unidades maristas, pudemos viver uma imersão, e eu diria mais, uma mudança de mentalidade. Em Ribeirão, funciona há anos uma Escola Social Marista. Lá é atendida uma comunidade que encontra-se em uma situação de vulnerabilidade social. A presença marista é significativa na vida de tantas famílias. 

Em uma semana, junto aos nossos jovens, vivenciamos o dom do encontro com essa comunidade: escutamos histórias que tocavam o nosso coração e nos davam a certeza de que o amor é a chave da superação; tivemos a graça de conhecer tantas instituições que naquele território sonham, como nós, com um outro mundo possível; doamos um sorriso, o nosso tempo, os nossos dons e confirmamos que “somente o rosto do outro é capaz de despertar o melhor em nós!”. Foi uma semana que no meu coração e no coração daqueles jovens e de todos os que foram envolvidos permanecerá para sempre.

Voltei daquela missão para continuar a minha no meu território, com o coração ardente e os pés postos a caminho, confiando que o amor cultivado naqueles dias é capaz de gestar no aqui e agora uma nova humanidade. Com Champagnat e com todos aqueles que são seus companheiros de Missão, continuo a acreditar que a “educação é uma obra de amor” e é só no amor que somos capazes de educar.