Em conferência realizada na semana passada na Universidade do Rosário, em Bogotá, a secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, afirmou que os colombianos devem sentir orgulho do acordo de paz firmado entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). “Com todas as suas imperfeições, é o mais profundo (processo de paz) do século XXI”, disse.
Foto: Centro de Memória Paz e Reconciliação da Colômbia
Ao lado do presidente colombiano Juan Manuel Santos e do economista Joseph Stiglitz, prêmios Nobel da Paz e Ciências Econômicas, respectivamente, a chefe do organismo regional pediu às autoridades do país latino-americano que promovam o empoderamento da juventude. Atualmente, jovens representam 27% da população da Colômbia.
Sobre a economia, Bárcena lembrou que, de 2010 a 2015, o crescimento do país foi estimado em 4,5%, valor acima da média da América Latina (2,9%). A diferença, segundo a dirigente da CEPAL, coloca em evidência a resiliência da Colômbia frente a queda dos preços das matérias-primas no mercado mundial. De acordo com Bárcena, houve expansão da atividade econômica por causa da manutenção de investimentos, sobretudo em infra-estrutura.
Em 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) da nação registrou aumento de 2%, impulsionado pelo consumo e por remessas do exterior. Esses fatores compensaram o decrescimento de 13% no valor das exportações, verificado em 2015.
Para 2017, a CEPAL prevê que o PIB cresça 2,7%, estimativa atualmente acima do cálculo do governo e outras organizações internacionais. “Apostamos no processo de paz”, disse Bárcena. A chefe da agência da ONU destacou ainda que a tributação direta progressiva pode ser uma motor da igualdade. Esse tipo de arrecadação já representa 50% da tributação total.
Apesar do otimismo, a secretária-executiva alertou que o desemprego chegou a 9,8% em 2015 e que a inflação alcançou os 5,75% em 2016. Outros problemas incluem o desequilíbrio fiscal e a desigualdade social, que permanecem elevados.
“A Colômbia fez enormes esforços na formalização do trabalho e na redução da pobreza, que diminuiu de 49,7% em 2002 para 27,8% em 2015”, lembrou a dirigente, para quem o histórico positivo do país deve inspirar o enfrentamento de novos desafios.
Bárcena disse ainda que a Colômbia deve superar a fragmentação e a polarização sociais para promover a reintegração trabalhista de ex-combatentes. Outra recomendação é avançar no uso sustentável de recursos naturais, sobretudo de minérios.