A equipe de auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Rio de Janeiro terá um novo equipamento para a fiscalização no estado: a partir de agosto, eles usarão nas operações cinco aparelhos voadores não tripulados, os drones.
MTE pretende usar drones na fiscalização de trabalho escravo. Foto: Divulgação
O chefe de Planejamento da Seção de Segurança e Saúde no Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Rio de Janeiro, Raul Vital Brasil, disse que outro drone será doado à Polícia Rodoviária Federal. “A Polícia Rodoviária Federal é a nossa principal parceira nas operações de combate ao trabalho análogo ao de escravo. Como recebemos seis, e eles são parceiros nossos, achamos viável dar um para a Polícia Rodoviária Federal.”
Os seis drones foram comprados com parte dos R$ 3 milhões pagos pela financeira Losango, integrante do grupo financeiro HSBC, em um processo por dano moral coletivo devido à terceirização irregular de empregados. A decisão de repassar uma parcela dos recursos é do Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), após a assinatura de um termo de ajustamento de conduta.
O uso de valores de multas foi possível depois de decisão da Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho, em janeiro de 2009, destinando os recursos a órgãos e entidades públicas ou privadas que prestam atendimento social ou assistencial. Outra parte da indenização será revertida ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Vital Brasil destacou quatro casos de ações em que o equipamento vai permitir a ampliação das fiscalizações. Um deles será em embarcações de pesca, nas quais são registradas ocorrências de trabalho análogo ao de escravo. “Nas próximas operações de pesca, já pretendemos usar os drones.”
Outra situação é em pedreiras, onde os trabalhadores ficam concentrados em alguns locais e, quando veem as equipes de fiscalização, fogem. O uso do equipamento, nesse caso, vai ajudar a localizar os trabalhadores e verificar as condições de trabalho deles.
Nas operações na área rural também serão usados drones. “Muitas vezes, quando a fiscalização chega à fazenda, ela é muito grande e está com a porteira fechada. Com o drone, vai ser fácil localizar onde os trabalhadores estão para podermos chegar até eles”, disse Vital Brasil.
Segundo ele, a utilização do equipamento vai favorecer também as fiscalizações em grandes obras, como as que estão sendo feitas para os Jogos Olímpicos de 2016. “Com o drone vamos conseguir sobrevoar as grandes obras, ver o estágio em que estão e saber o melhor momento de agir.”
Para usar os equipamentos, sete auditores fiscais do trabalho fizeram, durante dois dias, um curso de capacitação, realizado na semana passada. Agentes da Polícia Rodoviária Federal também participaram do treinamento. Em cada drone do modelo Inspire1, haverá uma câmera que poderá fazer fotos e gravar vídeos com resolução de até 4K, considerada Ultra HD. Os voos têm duração aproximada de 20 minutos, com alcance de cerca de 2 quilômetros e 70 metros de altura.
O uso dos drones ainda não foi regulado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Por isso, nas operações da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Rio de Janeiro, inicialmente, os aparelhos serão utilizados em fase de testes. De acordo com a Anac, somente em dois casos, é permitido o uso dos drones: em aeromodelismo ou em operações experimentais. Mesmo assim, é preciso ter o certificado de autorização de voo experimental, emitido pela Anac e pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo. Vital Brasil informou que o ministério está encaminhando o pedido de autorização à Anac.