Com a autorização do Papa Francisco, foi publicada na noite de sábado a Relatio Synodi, o relatório conclusivo do Sínodo. O documento foi aprovado na Sala Sinodal após a votação, um por um, dos 62 parágrafos. Três pontos em particular – a comunhão para os divorciados recasados e a homossexualidade – não atingiram a maioria dos 2/3.
Foto: Mazur/catholicnews.org.uk (06/10/2014)
“Foi desejo do Papa. O Papa disse: ‘Quero que seja publicada esta Relatio, e por questões de transparência e clareza, que se diga quantos foram os votos favoráveis ou não favoráveis, número por número, de forma que não existam confusões ou equívocos sobre isto”. Assim Padre Lombardi ilustrou aos jornalistas reunidos na Sala de Imprensa da Santa Sé a decisão do pontífice em publicar a Relatio Synodi, acompanhada pela tabela das votações.
O documento retoma, em substância, a estrutura e os conteúdos principais do ‘Relatório após a discussão’, apresentado em 13 de outubro na Sala do Sínodo pelo Relator Geral da Sessão, Cardeal Peter Ërdo. Ela recolhe também muitas das 470 emendas apresentadas pelos Padres Sinodais, reunidos nos Círculos menores.
“Em particular, vocês observarão a ampliação das primeiras duas partes, o que foi pedido por muitos relatórios dos Círculos menores, para dar maior equilíbrio ao conjunto, não falar prevalentemente ou somente dos desafios ou das dificuldades, mas também falar mais do aspecto positivo sobre a família. Portanto, é um texto mais amplo e que pretende ser mais equilibrado e desenvolvido”, explicou Lombardi.
Os parágrafos que não atingiram a maioria dos dois terços são os número 52, 53 e 55, relativos às diversas posições sobre a Comunhão para divorciados recasados, sobre a proposta da comunhão espiritual – sobre a qual deverão ser feitos ulteriores aprofundamentos – e sobre as uniões homossexuais, que são rejeitadas, não obstante se diga que os homens e mulheres com tais tendências devem ser acolhidos com “respeito e delicadeza”. Todavia – explica Padre Lombardi – o esforço da Relatio Synodi é o de ser inclusivo e portanto se pode falar de um consenso também sobre esses números:
“Temos em cada um destes números uma dimensão do consenso, evidentemente, uma dimensão que pode ser muito ampla ou uma dimensão que pode ser mais limitada, mas isto significa que existe um assunto que deve ainda ser amadurecido ou aprofundado porque, evidentemente, o consenso da Assembleia não era suficientemente maduro para a formulação com que foi apresentado”.
Em relação ao Relatório precedente, a Relatio Synodi não faz mais referência à lei da gradualidade, não fala de crianças que vivem com casais do mesmo sexo e reitera com mais força que as uniões homossexuais não são equiparáveis ao matrimônio entre homem e mulher, sublinhando que não são aceitáveis pressões sobre os bispos relativo a este ponto.
Ulteriores temas foram acrescentados em relação ao documento precedente. Por exemplo, o desejo de que os processos de nulidade matrimonial sejam gratuitos, a atenção para as adoções, o alerta em relação à pornografia, ao uso distorcido da web e às mulheres e crianças vítimas de abuso sexual. Por fim há um agradecimento às tantas famílias fieis a Cristo pelo testemunho.
O Sínodo Extraordinário sobre a família se concluiu, mas o caminho sinodal prossegue para a Assembléia Ordinária de outubro de 2015, dedicada à Família e para a qual a Relatio Synodi atual servirá como documento preparatório (JE).
Texto original publicado no site da Rádio Vaticano.