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Escola do Tocantins ganha prêmio internacional de arquitetura

Escola da Fazenda Canuanã, na zona rural de Formoso do Araguaia, atende quase 800 estudantes vindos de áreas onde não há acesso à educação

por Porvir*   publicado às 13:48 de 05/03/2018, modificado às 13:48 de 05/03/2018

O projeto arquitetônico da escola da Fazenda Canuanã, na zona rural de Formoso do Araguaia (TO), ganhou o título de Melhor Edifício de Arquitetura Educacional, pela premiação Building of the Year, promovida anualmente pela plataforma ArchDaily. 

Escola Fazenda Canuanã. Foto: Leonardo Finotti

Localizada a 320 km de Palmas, a escola é mantida pela Fundação Bradesco. Em regime de internato, a Fazenda Canuanã atende quase 800 estudantes de 7 a 18 anos, todos vindos de áreas onde não há acesso à educação. 

A escola oferece ensino básico, educação técnica profissional e educação de jovens e adultos, além de cursos de formação continuada.  O projeto arquitetônico foi realizado pelo escritório Rosenbaum, em parceria com o Aleph Zero, no Tocantins. Com a proposta de valorizar a identidade cultural local, ele foi o único sul-americano finalista na competição, que contou com representantes de 28 países.
 
Baseado na metodologia do design essencial, que busca potencializar os valores e saberes de uma determinada cultura, o projeto contou com o envolvimento dos estudantes, além de indígenas de aldeias vizinhas e caboclos que ajudaram a construir a memória ancestral do local. 
 

Escola Fazenda Canuanã. Foto: Leonardo Finotti

Tudo teve início com a escuta das crianças. Após perceber que elas não conseguiam reconhecer o local como sua casa, apesar de passarem a maior parte do ano lá, a equipe começou a levantar elementos que poderiam gerar a identificação dos alunos com o espaço.
 
As crianças apresentaram textos, desenhos e atividades variadas para responder o seguinte questionamento: “O que faz de Canuanã minha casa?”. A partir de análises do material, os escritórios envolvidos no projeto começaram a tentar entender o lugar ocupado pelos estudantes dentro de um espaço que se divide entre público e privado.
 
Para valorizar o espaço de cada criança, uma das grandes transformações do projeto foi o dormitório, que diminuiu a quantidade de beliches de vinte para três. A forma de agrupar os dormitórios em volta dos jardins também surgiu a partir da escuta das crianças, que foram apresentadas a uma série de referências sobre espaços públicos. 
 

Escola Fazenda Canuanã. Foto: Leonardo Finotti

A construção ocupa cerca de 25 mil metros quadrados em espaços de moradia e convivência. Como matéria prima, ela usa tijolo de adobe, madeira e grafismos indígenas, que têm a proposta de acolher as tradições e memórias das crianças de Canuanã. Boa parte do projeto também usou madeira proveniente de florestas plantadas em áreas de recuperação.
 
Ao mesmo tempo que contam com espaços mais individuais, as crianças também podem contar com espaços coletivos de estudos que permitem interação. Alguns espaços da escola também foram pensados para reconectar as crianças com a biodiversidade local. 
 
Com esse processo de elaboração, o projeto teve o objetivo de desmistificar a escola apenas como um espaço de aprendizado e ressaltar suas características acolhedoras de uma moradia.