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UNICEF: 386 mil bebês nasceram no 1º dia de 2018

Uma nova geração que nasce, é preciso ter cuidado para mantê-la. Taxas de mortalidade infantil melhoraram, mas ainda são alarmantes.

por Nações Unidas no Brasil*   publicado às 11:47 de 03/01/2018, modificado às 11:51 de 03/01/2018

Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) aproveitou o início de 2018 para cobrar dos países esforços em prol da sobrevivência de recém-nascidos. Em 2016, cerca de 2,6 mil crianças morreram nas 24 horas após o nascimento. Para quase 2 milhões de bebês, sua primeira semana de vida também foi sua última.

O primeiro bebê nascido em 2018 foi a menina Vilisi Ciri Sovocala, de Fiji. Ela nasceu em Suva, capital do país, à 1h44. Foto: UNICEF/Jason Chute

Quase 386 mil bebês nasceram em todo o mundo no primeiro dia de 2018, afirmou nesta semana o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Agência da ONU cobrou dos países esforços para garantir que mais recém-nascidos sobrevivam ao início de suas vidas. Em 2016, cerca de 2,6 mil crianças morreram nas 24 horas após o nascimento. Para quase 2 milhões de bebês, sua primeira semana também foi sua última.

Mais da metade de todos os nascimentos deste 1º de janeiro ocorreu em nove países: Índia — cerca de 69 mil; China — cerca de 45 mil; Nigéria — cerca de 20 mil; Paquistão — cerca de 15 mil; Indonésia — cerca de 13 mil; Estados Unidos — cerca de 11 mil; República Democrática do Congo e Etiópia — cerca de 9 mil cada; e Bangladesh — cerca de 8 mil.

A preocupação do UNICEF é com o futuro desses bebês. Em 2016, um total de 2,6 milhões de crianças morreu antes do final do seu primeiro mês. Mais de 80% de todas as mortes de recém-nascidos são provocadas por problemas de saúde que poderiam ter sido prevenidos e tratados, como parto prematuro, complicações durante o parto e infecções como septicemia e pneumonia.

O Brasil é uma das nações que têm se destacado por reduzir a mortalidade infantil. A taxa de mortalidade de crianças com menos de um ano foi reduzida em mais de 25% de 2005 a 2015. No entanto, em 2015, mais de 37,5 mil crianças morreram antes de completar seu primeiro aniversário – na maioria das vezes, por causas que poderiam ter sido evitadas e que estão relacionadas sobretudo ao acesso e à baixa qualidade do pré-natal, à assistência ao parto e ao cuidado neonatal.

As maiores vítimas da mortalidade infantil no Brasil são as crianças indígenas. Elas têm mais que o dobro de chance de morrer antes de completar um ano do que as outras crianças do país.

“Para 2018, a resolução de Ano Novo do UNICEF é ajudar a dar para cada criança mais do que uma hora, mais do que um dia, mais do que um mês – e sim uma vida longa, plena de direitos e oportunidades”, defende a especialista em Saúde e HIV do UNICEF no Brasil, Jane Santos.

“Pedimos aos governos e parceiros que se juntem à luta para salvar a vida de milhões de crianças, fornecendo soluções comprovadas e de baixo custo. É preciso priorizar a formação continuada dos profissionais, sobretudo das áreas de saúde, educação e assistência social.”

Nas últimas duas décadas, a comunidade internacional viu avanços sem precedentes no combate à mortalidade infantil, com a redução pela metade do número de crianças em todo o mundo que morrem antes do quinto aniversário. Em 1990, a cada mil nascimentos, morriam 93 crianças nessa faixa etária. Em 2016, o índice chegou a 41 óbitos por mil nascimentos.

Apesar desses avanços, 5,6 milhões de crianças com menos de cinco anos morreram em 2016. Os progressos para os recém-nascidos foram mais lentos — os bebês que morrem no primeiro mês representam 46% de todas as mortes entre crianças no período etário avaliado.

No próximo mês, o UNICEF lançará a campanha Every Child Alive (Toda Criança Viva), uma inciativa global para exigir e oferecer soluções de cuidados com a saúde, acessíveis e de qualidade para cada mãe e recém-nascido. Medidas recomendadas incluem o fornecimento constante de água potável e eletricidade para as instalações de saúde, a presença de um atendente de saúde durante o parto, a desinfecção do cordão umbilical, a amamentação na primeira hora após o nascimento e o contato pele a pele entre a mãe e a criança.

O UNICEF lembra que, de acordo com as estatísticas de expectativa de vida, o mundo está entrando na era em que todos os recém-nascidos deveriam ter a oportunidade de ver o século 22. Entretanto, quase metade das crianças que nascerem neste ano, provavelmente, não sobreviverá. A expectativa de vida de uma criança nascida na Suécia em janeiro de 2018 atingirá 2101, enquanto uma criança da Somália provavelmente não viverá além de 2075.