Sociedade / Religião
  

Manifestantes protestam contra a intolerância religiosa em ato no Rio de Janeiro

O ato reuniu principalmente fiéis de religiões de matriz afro-brasileira, mas também representantes de igrejas cristãs, da comunidade judaica e de religiões como Baha'i, e Budismo

por Vitor Abdala - Agência Brasil   publicado às 09:00 de 18/09/2017, modificado às 09:00 de 18/09/2017

Milhares de pessoas participaram no último domingo (17) de um ato contra a intolerância religiosa, na Praia de Copacabana, na zona sul da cidade no Rio de Janeiro. O ato, organizado pelas organizações não governamentais Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap), reuniu principalmente fiéis de religiões de matriz afro-brasileira, mas também representantes de igrejas cristãs, da comunidade judaica e de outras religiões (Baha'i, wicca, kardecista, budista e Hare Krishna).

Rio de Janeiro, 17/09/2017 - Representantes de diversas religiões participam de caminhada na Praia de Copacabana em defesa da liberdade religiosa. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Esta foi a décima edição da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, realizada poucos dias depois da divulgação de vídeos em que aparecem criminosos, supostamente cristãos, ameaçando lideranças de religiões afro-brasileiras e obrigando-os a destruir seus terreiros, localizados em comunidades carentes do Rio de Janeiro.

O organizador da caminhada, babalawô Ivanir dos Santos, lembrou que a primeira caminhada, em 2008, foi realizada justamente por causa de um episódio em que traficantes evangélicos ameaçavam os terreiros em favelas controladas por eles.

“Nesse período, o que houve foi uma omissão [das autoridades]. Não houve nenhuma investigação para prender os responsáveis. Mas o importante é que a manifestação traz muita indignação, mas estamos pedindo paz. Somos um povo de paz, apesar de sermos agredidos nas ruas, nossas casas serem queimadas, nosso sagrado ser destruído, tudo o que pedimos é paz”, disse o líder religioso.

Para a representante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, pastora luterana Lusmarina Campos Aguiar, a atitude de cristãos que agridem ou ameaçam outras religiões não é cristã. “Essa não é a perspectiva de Cristo. Não é a perspectiva dos evangelhos. Jesus diz que temos que aprender a amar uns aos outros. A lei maior do Cristo é a lei do amor”, lembrou a pastora.

O secretário nacional de Políticas de Igualdade Racial, Juvenal Araújo, informou que o governo federal está acompanhando de perto os desdobramentos desses recentes casos de intolerância religiosa. Desde a última sexta-feira (15), ele se reuniu com o procurador-geral de Justiça do Rio, José Eduardo Gussem, e com representantes das secretarias estaduais de Segurança e Direitos Humanos.

Tags:

manifestação, protesto, diálogo, intolerância religiosa, liberdade religiosa

Confira também

RevistaSociedade / Comportamento

Outubro / 2017

Afinal, o que é criticar?
por KLAUS BRUSCHKE
RevistaSociedade / Comportamento

Julho / 2017

Leitura pede compromisso
por LUIS HENRIQUE MARQUES
RevistaSociedade / Comportamento

Junho / 2017

Desarmar-se para não romper o diálogo
por LUIS HENRIQUE MARQUES