Pesquisa da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) divulgada recentemente revela que 81% dos entrevistados se automedicam para tratar dor de cabeça. Também é comum que as pessoas (50%) aceitem a indicação de remédios feita por não profissionais. O auxílio de médicos para tratar o sintoma é uma opção para 61% dos entrevistados. Foram respondidos, de forma espontânea, 2.318 questionários online, distribuídos pelas redes sociais.
Foto: Prefeitura de Valinhos
“O número de pacientes que estão tomando medicação sem orientação foi um dado que nos deixou alarmados”, afirmou o neurologista Marcelo Ciciarelli, membro da ABN e coordenador da pesquisa. Ele destacou que a automedicação pode, muitas vezes, aumentar a frequência da dor, bem como a intensidade. O aconselhável, segundo o médico, é procurar um profissional quando ocorrem mais de três crises por mês por mais de três meses.
A pesquisa identifica que 87% dos entrevistados sofrem de enxaqueca. Ciciarelli explica que este é um tipo primário da cefaleia – nome científico para a dor de cabeça – quando ela é a própria doença, e não o sintoma de outra, como ocorre em uma gripe, por exemplo. Entre as características clínicas da enxaqueca estão: dor em apenas um lado e de forma latejante; com intensidade moderada a forte; com intolerância a barulho e a luz; e associada a enjoo. Cerca de metade dos entrevistados sofrem com doença de forma crônica, com ocorrência de dor por mais de 15 dias por mês.
Entre os que sofrem de enxaqueca episódica, 28% disseram estar desempregados. Para os que têm a doença crônica, o percentual sobe para 33%. “[Essas pessoas] têm menor nível de emprego. Estão mais desempregadas, mostrando o impacto na vida profissional das pessoas que sofrem esse tipo de dor”, apontou o neurologista. As pessoas que sofrem de enxaqueca crônica são as que mais abusam de analgésicos. Mais de 70% dos entrevistados disseram tomar três ou mais doses semanais do medicamento.
O objetivo da pesquisa, ao identificar o perfil dos que sofrem de dor de cabeça, é alertar para os casos em que ela deve ser tratada para que não se torne uma doença crônica. O tratamento, explica Ciciarelli, é preventivo e inclui o uso de medicamentos, mas também a adoção de outras práticas, como atividades físicas, ajuste no sono, alimentação saudável, ingestão de água e limitação do uso de analgésicos. “A dor serve para mostrar que alguma coisa no organismo está errada, então ela nos alerta que algo precisa ser tratado, precisa ser prevenido”, destacou.