Em mensagem para o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, lembrado na quarta-feira (3), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu o “fim de todo o tipo de repressão contra jornalistas”. “Precisamos que líderes defendam a imprensa livre”, enfatizou o chefe do organismo internacional. Para ele, “quando protegemos jornalistas, suas palavras e imagens podem mudar o mundo”.
Jornalistas acompanham coletiva de imprensa na ONU, em Genebra. Foto: Violaine Martin/ONU
O dirigente máximo da ONU acrescentou que a liberdade de imprensa é “crucial para combater a atual (tendência à) desinformação”. “Precisamos que todos defendam nosso direito à verdade”, disse Guterres.
O secretário-geral lembrou que “jornalistas vão aos lugares mais perigosos para dar voz aos sem-voz”. “Profissionais de mídia são vítimas de difamação, abuso sexual, detenção, agressões e chegam mesmo a morrer” em serviço, alertou o chefe da Organização. Guterres disse ainda que uma imprensa livre permite avançar na promoção da paz e da justiça para todos.
UNESCO pede jornalismo ético para combater ‘pós-verdade’
Também por ocasião da data, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, afirmou que o mundo vive “um momento no qual uma mídia livre, independente e pluralista nunca foi tão importante”. Em 2017, a agência celebra o Dia Mundial com o tema “Mentes críticas para tempos críticos”.
Em meio às mais recentes discussões sobre “pós-verdade” e “notícias falsas”, “precisamos de um jornalismo original, crítico e bem fundamentado, orientado por altos padrões profissionais e éticos, e por uma educação em mídia de qualidade”, enfatizou Bokova.
O trabalho de jornalistas, segundo ela, contribui “para empoderar cada mulher e cada homem, fortalecer a boa governança e o Estado de Direito e fazer avançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável“.
A chefe da agência da ONU reconheceu que a imprensa enfrenta atualmente uma “crise de identidade de seu público”. “A mídia como atividade empresarial está sendo abalada em seu núcleo, com o advento das redes digitais e das mídias sociais. Jornalistas cidadãos estão redesenhando os limites do jornalismo”, explicou.
Por outro lado, “a credibilidade e o dever de prestar contas da mídia estão sendo questionados”, disse a dirigente. Segundo Bokova, no meio online, a linha que separa materiais publicitários e editorais tem se tornado cada vez tênue. Esse cenário, marcado também pela proliferação de informações mentirosas, fragiliza “o cerne do jornalismo livre, independente e profissional”, acrescentou a chefe da UNESCO.
Bokova ressaltou ainda que a mídia deve fornecer uma plataforma para “mobilizar novas forças para a tolerância e o diálogo”. A diretora lembrou que a UNESCO conduz esforços para promover o bom jornalismo, inclusive para protegê-lo das formas mais violentas de censura.
“A UNESCO lidera este trabalho em todo o mundo, a começar pela defesa da segurança dos jornalistas. Com muita frequência, o assassinato continua a ser a forma mais trágica de censura – em 2016, 102 jornalistas pagaram esse altíssimo preço. Isso é inaceitável e enfraquece as sociedades como um todo. É por isso que a UNESCO lidera o Plano de Ação das Nações Unidas sobre a Segurança dos Jornalistas e a Questão da Impunidade com parceiros em todo o mundo”, disse.