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Morre aos 87 anos Ahmed Kathrada, ex-companheiro de cela de Nelson Mandela

Personagem fundamental na luta contra a segregação racial na África do Sul, ele passou 26 anos preso, até ser eleito parlamentar em 1994

por Agência EFE   publicado às 09:10 de 28/03/2017, modificado às 09:11 de 28/03/2017

Ahmed Kathrada, companheiro de prisão de Nelson Mandela e da luta contra o apartheid (regime de segregação racial) na África do Sul, morreu nesta terça-feira (28) em Joanesburgo, aos 87 anos, ao sofrer complicações após uma cirurgia no cérebro. As informações são da Agência EFE.

Ahmed Kathrada (à dir.), companheiro de prisão de Nelson Mandela (à esq.) e da luta contra o apartheid (regime de segregação racial) na África do Sul, morreu nesta terça-feira (28) em Joanesburgo, aos 87 anos. Foto: Ahmed Kathrada Foundation

Membro do Congresso Nacional Africano (CNA) e militante também do Partido Comunista Sul-Africano (SACP), Kathrada foi condenado a prisão perpétua em 1964 ao lado de Mandela e de outros líderes destas organizações, e passou grande parte dos 26 anos que esteve recluso na prisão de Robben Island, por suas atividades contra o regime.

Kathrada foi libertado junto com seus companheiros de prisão em 1989, quando o regime segregacionista iniciou as negociações com a resistência negra para dissolver e dar lugar à democracia multirracial.

O veterano da luta pelos direitos civis na África do Sul foi eleito parlamentar pelo CNA nas primeiras eleições democráticas, realizadas em 1994, e foi assessor do presidente Mandela, que deixou a política em 1999.

Membro da minoria indiana do país e de religião muçulmana, Kathrada se envolveu depois em várias campanhas de apoio ao povo palestino e iniciou, na fundação que leva seu nome, vários projetos pela justiça social e contra o racismo.

Kathrada, casado com a ex-ministra e veterana da luta contra o apartheid, Barbara Hogan, era uma das figuras mais respeitadas e ativas na vida pública sul-africana.

Ele era guia da Fundação Mandela e mostrava a seus convidados a prisão de Robben Island, onde se encontra a pequena cela em que viveu Nelson Mandela.

A classe política prestou homenagem hoje após a confirmação da sua morte.

O presidente sul-africano, Jacob Zuma, ordenou que todas as bandeiras dos prédios oficiais fiquem a meio mastro até a realização do funeral.

O Nobel da Paz e ativista contra o apartheid, Desmond Tutu, elogiou a "modéstia" e "humildade" de Kathrada, a quem definiu como um líder "da mais alta integridade moral", e destacou seu compromisso com a justiça acima das divisões raciais.

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