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Omissão dos cidadãos contribui com a violência homofóbica, diz especialista

Para o coordenador do programa estadual Rio sem Homofobia, Cláudio Nascimento, as pessoas devem intervir ou chamar a polícia quando testemunharem tais episódios

por Agência Brasil   publicado às 11:50 de 15/09/2016, modificado às 11:50 de 15/09/2016

O coordenador do programa estadual Rio sem Homofobia (RSH), Cláudio Nascimento, disse ontem (14) que a omissão das testemunhas da agressão a uma travesti, no último domingo (11), na zona oeste do Rio de Janeiro, contribuiu para que a violência ocorresse.

Foto: Evelyn Köster/Freepik

“São cenas impressionantes de violência bárbara e homofóbica. Três homens agredindo a travesti e a irmã dela, e o pior, com várias pessoas ao redor sem fazer nada. Choca demais. Temos inúmeros casos de violência homofóbica acontecendo e o fato de a população apenas discordar disso não ajuda a vítima. Quem presenciar alguma ação do tipo, tem que procurar apoio. Entendemos que, em muitos casos, a intervenção não se dá pelo temor de sua própria segurança, mas quando esse for o cenário, que a pessoa se desloque e ligue para um policial, ou procure um por perto. O que não cabe é ficar parado assistindo”, disse.

Segundo Cláudio Nascimento, é possível denunciar casos de homofobia por meio do Disque Cidadania LGBT, que funciona pelo número 0800 0234 567. O coordenador disse que conversou com o delegado Daniel Mayr, responsável pela ocorrência, e que as autoridades estão tratando o caso como violência homofóbica. Nascimento classificou como importante o parecer da polícia já que, segundo ele, muitos delegados têm dificuldade em tratar casos como esse.

“Eu venho tendo um diálogo com o Mayr e ele está tratando o caso como violência homofóbica. Isso é importante, pois muitos delegados atualmente têm dificuldade de ter essa sensibilidade, de assumir que o caso envolve esse fator motivacional. As investigações vão continuar, segundo o delegado, e eu, assim como toda a sociedade, espero uma resposta firme do Estado”.

De acordo com o coordenador do Rio sem Homofobia, a travesti encontra-se fisicamente bem, na medida do possível, mas muito abalada psicologicamente. “Está traumatizada demais, muito triste e preocupada com a família. Estamos dando todo o suporte a ela. Já teve atendimento médico e está se comportando bem. Veremos se ela necessitará de alguma cirurgia, embora tenha rechaçado a possibilidade. De todo modo, estaremos de perto para ajudá-la em um momento delicado como este”, concluiu.

Tags:

violência, Denúncia, cidadania, homofobia

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