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Professora de Curitiba vai representar alunos na Paralimpíada do Rio

Mari Christina Santilli defende que as escolas dediquem atenção especial às crianças com deficiência, para que suas limitações e possibilidades sejam tratadas com exercícios e práticas esportivas específicos

por Vinícius Lisboa - Agência Brasil   publicado às 07:00 de 08/06/2016

A vida da professora de Educação Física Mari Christina Santilli, de 38 anos, sempre foi dedicada ao esporte. Durante oito anos, a partir de 2006, ela deu aulas na rede municipal de Curitiba pela manhã e ensinou natação em um clube no período da noite. Essa rotina só foi interrompida quando se licenciou sem vencimentos, em abril do ano passado, para se dedicar exclusivamente à preparação para a Paralimpíada do Rio de Janeiro. Daqui a três meses, com a abertura do evento, ela espera contar com a torcida de muitos alunos na busca de uma medalha na paracanoagem.

Mari Christina Santilli se classificou no Campeonato Mundial de Paracanoagem, em Duisburg, na Alemanha. Foto: Iran Schleder Jr/CBCa

"Essa vaga é pra eles também. É minha, do Brasil e deles. Quero representar cada um deles no Rio de Janeiro em setembro", diz a professora, que pode voltar à Escola Municipal Rio Bonito em abril do ano que vem, quando acaba sua licença de dois anos. Na Paralimpíada, ela vai disputar a categoria KL3 Feminina individual, na prova de velocidade de 200 metros.

Mari conta que reuniu os ex-alunos quando voltou da Alemanha, onde conquistou a vaga no mês passado, para comunicar que estava classificada para os jogos, e recebeu a torcida das turmas e colegas de magistério. "É uma profissão que é muito gratificante. Você pegar uma turminha de pré, de cinco aninhos, com crianças que não sabem nem correr e pular corda, e, de repente, você dá toda essa base para essa molecada."

O treinamento agora está focado em aprimorar as estratégias para a prova, como se acostumar a águas mais agitadas. Segundo ela, essa é uma característica da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, onde há bastante vento. "Estamos tentando melhorar algumas metragens da prova, que é de velocidade. Em alguns metros, eu tenho falhas, e a gente vai aprimorando. São três meses para melhorar o que for possível e ter uma representatividade forte."

Planos internacionais
Entre os planos da professora e atleta está a continuidade à carreira internacional, estendendo a licença apenas até o ano que vem, para participar de mais um campeonato mundial. Se isso não acontecer, ela espera trazer a vivência do treinamento em alto rendimento para a educação. Por sua experiência no magistério, ela acredita que é preciso que os projetos esportivos se espalhem por todas as escolas da rede e que tenham sequência para que a formação de novos talentos não seja interrompida.

"Não dá para ser um projeto único, tem que desenvolver vários projetos em diversos núcleos, em vários bairros, porque os pais acabam tendo dificuldade de levar as crianças para longe", argumenta Mari Christina, que também gostaria de ter uma oportunidade de tocar projetos esportivos na secretaria de esportes do município.

Atenção às crianças
Entre esses projetos, ela defende que as secretarias e escolas dediquem atenção especial às crianças com deficiência, para que as limitações e possibilidades sejam tratadas com exercícios e práticas esportivas específicos. Em seus anos de escola, ela lembra já ter trabalhado com alunos deficientes e encaminhado uma delas para um projeto de natação paralímpica. Nessas horas, ser uma professora para-atleta serviu como estímulo.

"Eles estão vendo ali na frente e aí eu conto toda a minha história, a minha trajetória no esporte e não tenho dúvida de que isso motiva, sim", conta a professora, que usa uma prótese no lugar da perna esquerda, amputada após um acidente de trânsito.

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