O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), disse que o discurso feito ontem (12) pela presidente Dilma Rousseff é sinal de que ela está “perdendo o equilíbrio”. Em cerimônia no Palácio do Planalto com educadores e estudantes, Dilma disse, sem mencionar nomes, que o vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), são os chefes do que ela classificou de “golpe em curso” contra seu mandato.
O senador Romero Jucá (PMDB/RR). Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
“Eu lamento que a presidenta Dilma esteja perdendo a serenidade e esteja tentando culpar outras pessoas pelo desacerto do seu próprio governo. Se a presidenta quer encontrar pessoas que atrapalharam seu governo, deve olhar para dentro. O governo está pagando pelos erros que cometeu”, disse Jucá.
O senador ressaltou que o processo de impeachment não é um golpe e defendeu Temer e Cunha das acusações indiretas. “Eu diria que é um tipo de apelação e perda de equilíbrio. Primeiro, os autores do pedido de impeachment são juristas renomados no Brasil. Depois, o Eduardo Cunha, como presidente da Câmara, deu apenas prosseguimento ao fato. O processo foi definido pelo STF [Supremo Tribunal Federal] no seu trâmite”, acrescentou.
Jucá também defendeu Temer quanto ao vazamento de áudio em que o vice-presidente discursa como se o impeachment de Dilma já tivesse sido aprovado e rebateu a sugestão do ministro do Gabinete Presidencial, Jaques Wagener, de que Temer deveria renunciar ao cargo após a divulgação.
“Acho que querer propor a renúncia do presidente Michel Temer é querer imolar alguém que não tem culpa no cartório. Eu acho que se o ministro Wagner tiver que propor a renúncia de alguém, melhor seria para o Brasil que ele propusesse a renúncia da presidenta Dilma – não sei se ele vai conseguir convencê-la. O presidente Michel não tem nenhum motivo para renunciar, é um político experimentado e pode ser muito importante nesse momento em que o país precisa redefinir o seu rumo e o seu caminho.”
União no PMDB
Romero Jucá disse ainda que está negociando com a bancada do PMDB na Câmara qual será a posição do partido em relação ao processo de impeachment, em busca do máximo de união possível entre os membros. Segundo o senador, caso a admissibilidade do processo seja aprovada pelos deputados, o caso terá seu “tempo próprio” no Senado, mas é uma questão urgente.
“Espero que o presidente [do Senado] Renan [Calheiros] possa conduzir dentro da linha do direito de defesa, dentro da linha de cumprimento do regimento, mas levando em conta a urgência e as graves condições que o Brasil vive hoje. Portanto, uma rápida solução é muito importante para que o país comece a reagir”, disse.
Renan, por sua vez, não quis comentar a manifestação de Dilma, nem as respostas de Jucá ao discurso presidencial. O presidente do Senado se limitou a dizer que o Brasil vive “um momento dramático na sua história e todos os atores políticos precisam demonstrar responsabilidade”. Sobre o eventual trâmite do impeachment no Senado, Renan disse que correrá no tempo necessário.
“Eu não devo comentar esses fatos, mas tudo na vida tem o seu tempo. O impedimento tem o seu tempo, tem um calendário. Se ele passar na Câmara, ele se submeterá a um calendário no Senado Federal. E isso será submetido ao Supremo Tribunal Federal”.