Com a proximidade da Páscoa, lojas e supermercados ficam superlotados de túneis de ovos de chocolate, que seduzem as crianças com o colorido das embalagens e, claro, com os brinquedos que acompanham os ovos. “São tantos os apelos que fica quase impossível para os pais, sozinhos, se esquivarem dos pedidos de seus filhos. Além da exposição nos supermercados, a publicidade também exerce forte influência e se dirige, ilegalmente, às crianças para vender mais”, comenta Laís Fontenelle, psicóloga do Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, que este ano completa 10 anos.
Nessa época, as crianças tendem a querer consumir muitos ovos de chocolate, pois desejam o maior número de brinquedos possível que vem com o produto, que é repleto de açúcar. Foto: Wei-Duan Woo/Flickr
Embora ovos de Páscoa sejam considerados produtos “sazonais”, o incentivo ao seu consumo em excesso – sobretudo para que as crianças colecionem os brinquedos que vêm com eles – é, sem dúvida, preocupante em um país em que os índices relacionados à obesidade infantil são cada vez mais alarmantes. Confira algumas orientações do Projeto Criança e Consumo para ajudar pais e responsáveis a inibir o consumismo infantil durante esse período.
1. Diminua a exposição das crianças à publicidade
Nessa época, as empresas investem pesado no público infantil para aumentar suas vendas e desenvolvem ações mercadológicas em diferentes mídias para atrair a atenção dos pequenos. Se não for possível evitar a exposição, procure conversar com as crianças sobre essas publicidades abusivas e enganosas.
2. Mais brincadeiras, menos consumo
Que tal festejar esta Páscoa de uma forma diferente, com menos doces e mais brincadeiras? Existem ótimas ideias como corrida do ovo, coelhinho na toca, pintura de casca de ovos e até preparação de ovos caseiros de chocolate. Procure outras sugestões divertidas, criativas e de baixo custo.
3. Fique atento aos preços
Ovos de chocolate que estampam personagens nas embalagens ou vêm acompanhados de brinquedos licenciados são mais caros do que produtos que não são anunciados. Uma alternativa é optar por chocolates artesanais, que são mais baratos do que os produtos que contam com publicidades. Inclua as crianças na escolha do produto, combine antecipadamente quantos ela poderá escolher e aproveite para explicar o motivo da substituição do chocolate industrializado pelo caseiro.
4. Limite o consumo de chocolate pelas crianças
Nessa época, as crianças tendem a querer consumir muitos ovos de chocolate, pois desejam o maior número de brinquedos possível que vem com o produto, que é repleto de açúcar. No entanto, dados da Pesquisa de Orçamento Familiar, conduzida pelo IBGE, indicam que 33,5% da população brasileira entre 5 e 9 anos já está com excesso de peso e 14,3% dessa parcela já é considerada obesa. Outro dado ainda mais preocupante revela que, pela primeira vez na história, um número crescente de crianças tem apresentado problemas de coração, respiração e diabetes tipo 2, todos relacionados à obesidade.
5. Saiba que dizer “não” é importante
Diante da insistência das crianças, é importante que os pais ou demais responsáveis tenham a consciência de que dizer “não” é fundamental para uma educação saudável e faz parte da formação e amadurecimento de seus filhos. Essa atitude faz parte do processo educativo e pode ajudar as crianças a enfrentar possíveis frustrações futuras, com as quais terão de lidar em certos momentos da vida adulta.
6. Venda casada é proibida
O Código de Defesa do Consumidor proíbe a venda casada, quando vincula necessariamente a venda de produtos, sem que seja oferecido ao consumidor opção de escolha. Ou seja, os tais brinquedos, amplamente anunciados às crianças, têm seu custo embutido no valor do produto.
7. Denuncie publicidades dirigidas às crianças
Vale lembrar que direcionar publicidade de qualquer espécie às crianças é ilegal e abusivo, conforme previsto no artigo 37, parágrafo 2º, do Código de Defesa do Consumidor (CDC), reforçado pela Resolução 163 de 2014 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). Os pais podem cobrar das empresas o cumprimento da resolução e fazer denúncias diretamente aos órgãos de Defesa do Consumidor ou ao Criança e Consumo, caso se deparem com estratégias publicitárias direcionadas às crianças.