A Marcha pelo Clima no Rio de Janeiro reuniu manifestantes no último domingo (29) nas praias de Ipanema e de Copacabana, na zona sul da cidade, para pressionar a Conferência do Clima (COP21), que começa nesta segunda-feira (30) em Paris, para que os participantes adotem medidas efetivas para barrar o aquecimento no planeta. Eles pedem que os países cheguem a um acordo para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono. A caminhada integrou-se a outras mobilização que ocorreram em várias partes do mundo e apontaram para a gravidade da crise climática.
Manifestantes realizam a Marcha Global pelo Clima na orla do Rio chamando a atenção da população da cidade para a gravidade das mudanças climáticas globais. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
De acordo com o Centro Brasil no Clima, uma das entidades organizadoras da marcha, ondas de calor, enchentes, secas e derretimento de geleiras têm ocorrido em consequência do aumento de menos de 1 grau Celsius na temperatura média do planeta desde o início da era industrial.
A declaração conjunta dos movimentos e coletivos participantes da marcha no Rio destacou dez reivindicações socioambientais relacionadas à mudança do clima, entre elas o fim de subsídios aos combustíveis fósseis, combate ao desmatamento, fomento à micro e à minigeração de energia solar e eólica e preservação dos recursos hídricos. Os manifestantes defenderam ainda o aprofundamento das investigações sobre o derramamento de lama de rejeitos no Rio Doce.
A agente de turismo Márcia Salles classificou a tragédia como crime ambiental e não acidente. “Acho uma indignidade termos empresas no país que trabalham sem nenhum respeito ao meio ambiente, sem valor pela vida humana e pelos rios, poluindo com lama tóxica, envenenando as pessoas sem que sejam punidos”, disse.
A estudante de Filosofia e Meio Ambiente Aline Costa, que participou da caminhada no Rio, considera importante mudar o modelo baseado no consumo de combustíveis fósseis. Ela defendeu também uma matriz energética mais limpa. “O governo poderia investir mais em programas de microgeração de energia no lugar de grandes projetos como Belo Monte”, indicou.
Para o diretor-executivo do Centro Brasil pelo Clima (CBC), Alfredo Sirkis, a manifestação no Rio de Janeiro foi bastante significativa e expressou o sentimento da população em relação à questão climática. Sirkis, que viaja hoje para Paris para participar da COP 21, considerou que a proposta que será apresentada pelo Brasil no encontro não é ruim e ressaltou que o país é o único em desenvolvimento a reduzir as emissões.
“Temos uma meta de redução de 43% [das emissões de gás carbônico] até 2030. Comparativamente com outros países é bom, mas em relação ao tamanho do problema é muito pouco ainda. Se a gente pegar o somatório das metas voluntárias anunciadas por vários países, estamos ainda muito aquém do necessário para manter o aumento da temperatura do planeta neste século em menos de dois graus”, analisou.
* Colaborou Joana Moscatelli, repórter do Radiojornalismo da EBC