Apesar da pressão de republicanos e de alguns governadores, os Estados Unidos reafirmaram na segunda-feira (16) que irão manter o plano para acolher 10 mil refugiados sírios até o ano que vem. Após os ataques em Paris na sexta-feira (13), feitos pelo Estado Islâmico, o governo norte-americano recebeu muitas críticas por manter o programa, depois das suspeitas de que um dos integrantes do grupo que participou dos atentados teria sido enviado à Europa como refugiado.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Foto: State Department/Public Domain (06/08/2014)
De acordo com o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner, o programa será mantido porque os refugiados esperados passaram por um amplo e detalhado controle antes de chegar ao território norte-americano.
“Já dissemos isso para vocês, mas é importante enfatizar que os refugiados estão sujeitos ao mais alto nível de controle de segurança em qualquer categoria”, afirmou Toner.
Ele destacou que a “triagem” para a migração será feita por várias agências norte-americanas, incluindo o Centro Nacional Antiterrorismo , a Agência de Inteligência (o FBI), o Departamento de Segurança Interna e do Departamento de Defesa.
Com as declarações dessa segunda-feira, o governo Barack Obama voltou a sinalizar que vai manter o plano para receber refugiados.
No domingo (15), o assessor do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Bem Rhodes, disse à cadeia de televisão norte-americana Fox News, que o programa seria mantido.
"Há mulheres e crianças, órfãos desta guerra na Síria, e creio que temos de contribuir, com os nossos aliados, para dar-lhes refúgio", acrescentou.
Estados fechados
Pelo menos 26 dos 50 estados norte-americanos, quase todos sob controle político republicano, desafiaram hoje (17) o presidente Barack Obama, ao se negarem a acolher refugiados sírios após os atentados de sexta-feira (13) em Paris.
Os estados dispostos a fechar as portas aos refugiados sírios são o Arizona, Alabama, Arkansas, a Carolina do Norte, Carolina do Sul, Flórida, Geórgia, Ilinóis, Idaho, Indiana, Iowa, o Kansas, a Luisiana, o Maine, Michigan, Mississipi, Massachusetts, Nebrasca, Nova Jersey, o Novo México, Ohio, Oklahoma, Tennessee, o Texas e Wisconsin, dirigidos por governadores do Partido Republicano.
A lista inclui ainda o estado do New Hampshire, liderado por uma governadora democrata, o mesmo partido de Obama. Os governadores anunciaram a recusa depois de, em um dos lugares dos atentados em Paris, ter sido encontrado um passaporte com o nome de um cidadão sírio que entrou na Europa como refugiado. A autenticidade do documento não foi confirmada.
O governador do Texas, Greg Abbott, criticou a qualidade do “banco de dados” com informações sobre os refugiados sírios. “Do lado sírio, esse banco de dados praticamente não existe e, como resultado, se aceitamos os refugiados, estaremos jogando o mesmo jogo de risco da Europa”, afirmou.
A oposição norte-americana usa o momento – em plena campanha eleitoral para a presidência – para se manifestar em defesa de regras mais rígidas para a comunidade islâmica e também para impedir a vinda dos imigrantes sírios. O magnata Donald Trump, um dos pré-candidatos republicanos, disse, em um comício ontem à noite, que vai expulsar os refugiados sírios do país, caso chegue à Casa Branca.
Por outro lado, vários estados liderados por governadores democratas, como o Connecticut, Vermont e a Pensilvânia, garantiram que as suas portas continuam abertas para os refugiados que fogem do conflito na Síria.
*Texto original publicado pela Agência Brasil e editado pela Cidade Nova.