O Centro de Educação Infantil (CEI) do Núcleo Bandeirante tem um espaço que reúne jogos, brinquedos e até uma arara com fantasias para ajudar as crianças a ser quem quiserem. Na sexta-feira (28), Carlos Eduardo, de 5 anos, escolheu ser o Batman.
Socialização é parte importante na educação infantil, diz a professora Rebeca Breder. Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
Localizada na região administrativa do Distrito Federal (DF) a cerca de 13 quilômetros de Brasília, a escola atende crianças de 4 e 5 anos em dois turnos. A proposta do CEI é que, em um ambiente de brincadeiras, os alunos desenvolvam a linguagem oral e a corporal, a matemática, a socialização e outras competências.
"Muitas vezes, o pai pergunta se a criança vai sair daqui lendo. Não é esse o foco da educação infantil. Tem criança que sai daqui lendo e escrevendo, mas nosso objetivo é trabalhar a socialização, a questão dos valores, da escuta sensível aos alunos. Nosso projeto é: Criança não é gente grande", diz a diretora da escola, Ana Paula Gomes.
A professora Rebeca Breder afirma que o impacto da educação infantil é percebido principalmente na autonomia dos alunos. “As crianças saem percebendo os direitos e deveres que têm e sabendo respeitar os demais. Essa parte social é a mais importante."
No entanto, a oferta de vagas no ensino infantil fica aquém da demanda em todo o país. No Núcleo Bandeirante, o CEI recebe também crianças de quatro áreas próximas. "Todos os dias tem uma pessoa solicitando vaga. Precisamos de mais escolas", afirma Ana Paula.
A pré-escola, voltada para crianças de 4 e 5 anos passará a ser obrigatória no ano que vem e o Brasil terá que atender a todas as crianças que estão fora da escola. Ao todo são 790 mil. No Distrito Federal (DF), são 18,5 mil sem vaga, que equivalem a 23,4% do total da população nessa faixa etária.
A doméstica Adelina Gomes da Silva sabe o que é não conseguir uma vaga. O filho mais novo, João Pedro, hoje com 5 anos, passou o ano passado inteiro sem estudar, porque as escolas não tinham vaga. Este ano, João está em uma escola particular, graças à ajuda da chefe de Adelina.
Adelina, que trabalha em turno integral quatro vezes por semana, diz que tem que pagar alguém para ficar com o filho na parte da manhã, já que ele estuda apenas à tarde. "Se ele passasse o dia na escola, seria bem melhor, me ajudaria muito", diz a doméstica. "Para o próximo ano, vou correr atrás de novo. Pesa muito pagar uma particular."
Ela mora em Planaltina, a 43 quilômetros de Brasília. Na região, está a maior demanda no primeiro período, para crianças com 4 anos – cerca de 1,5 mil nesta faixa etária não foram atendidas na rede pública ou conveniada este ano, informa a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal.
De acordo com o subsecretário de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação Educacional da Secretaria de Educação, Fábio Pereira de Sousa, o governo do Distrito Federal pretende, até o final de 2016, universalizar o acesso à pré-escola. "Vamos implantar novas turmas em escolas que estão com salas ociosas e ampliar parcerias com entidades filantrópicas e conveniadas", adianta Sousa.