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Ex-diretor confessa ter recebido US$ 1,5 milhão para aprovar compra de Pasadena

Declaracão foi feita em depoimento de delação premiada, firmada com o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF), em setembro do ano passado

por André Richter - Agência Brasil   publicado às 09:03 de 23/01/2015, modificado às 09:03 de 23/01/2015

Em depoimento de delação premiada – firmada com o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) em setembro do ano passado –, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que recebeu US$ 1,5 milhão do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, "para não causar problemas", na reunião da estatal em foi aprovada a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O acesso aos termos do depoimento foi liberado pela Justiça Federal em Curitiba. 

Ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, confessa ter recebido US$ 1,5 milhão para aprovar compra de Pasadena. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Costa relatou aos investigadores que foi procurado por Fernando Baiano e aceitou receber o valor, que foi pago no exterior. Ele disse acreditar que a quantia tenha sido disponibilizada pela Astra Petróleo, proprietária da refinaria. Segundo ele, havia boatos dentro da Petrobras de que “o grupo de [Nestor] Cerveró [ex-diretor da Área Internacional], incluindo o PMDB e Baiano" tinha dividido "algo entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões, recebidos provavelmente da Astra”.

Sobre a relação com Fernando Baiano, Costa disse que viajou com ele em 2007 ou 2008 para Liechtenstein, na Europa, e foram ao Vilartes Bank, onde ele “acredita que os valores tenham sido depositados”. Na ocasião, Costa disse que conheceu Diego, um “operador” do empresário que morava na Suíça  e vinha ao Brasil uma vez ao ano para cuidar das contas de Baiano.

O ex-diretor definiu Fernando Soares como lobista e  “uma pessoa bem articulada, tendo muitos contatos no mundo político e empresarial”. Segundo Costa, ele é dono de uma cobertura de 1,2 mil metros quadrados na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, uma casa nos Estados Unidos, casas em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e emTrancoso, na Bahia, além de uma lancha, ativos no exterior e uma academia de ginástica. Paulo Roberto acredita que os bens estão em nome de outra pessoa, porque Soares “não teria como comprovar a origem dos recursos para adquirir todos esses bens.”

Paulo Roberto Costa confirmou que a “necessidade de repasses para grupos políticos, especificamente PP e PT”, também ocorria na Diretoria Internacional, comandada na época por Cerveró. Nesse caso, segundo Costa, Fernando Baiano atuava como o operador que “cuidava de viabilizar a entrega de parte devida ao PMDB". Todos os partidos citados negam que tenham se beneficiado da cobrança de propina na Petrobras.

O delator também afirmou que, a partir de 2008 ou 2009, a cobrança de propina da Construtora Andrade Gutierrez passou a ser feita por Fernando Baiano, e não mais pelo doleiro Alberto Youssef.

Em julho, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a devolução de US$ 792,3 milhões aos cofres da Petrobras pelos prejuízos causados ao patrimônio da empresa com a compra da Refinaria de Pasadena.

O maior montante, de US$ 580,4 milhões, deverá ser devolvido por membros da Diretoria Executiva da Petrobras, que aprovaram a ata de compra da refinaria, entre eles, o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, além de Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.

Tags:

corrupção, petrobras, ministério público, polícia federal, delação premiada, costa

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