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Institutos recomendam prudência ao trabalhador na aquisição da casa própria

Nesta semana, entraram em vigor as novas taxas de juros para o financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal

por Daniel Lima - Agência Brasil   publicado às 10:12 de 20/01/2015, modificado às 10:12 de 20/01/2015

O trabalhador que pensa em adquirir a casa própria neste momento deve rever sua intenção, adotar uma postura de cautela e aguardar um pouco mais antes de assinar um contrato de financiamento. A dica é do presidente do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), Geraldo Tardin. Nesta semana, entraram em vigor as novas taxas de juros para o financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal tanto para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) quanto para o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) e o impacto para o mutuário será de até 14,3% nas prestações.

Foto: Construção - Arquivo/Agência Brasil

“Se ele está pesquisando para comprar, o conselho é que, nos próximos dois anos, reveja essa opção. É um período de inflação [mais elevada] e o contrato, além dos juros, é corrigido pela TR [Taxa Referencial]. Com a previsão de inflação neste ano e no início do próximo, os contratos vão subir muito”, disse Tardin. Com os contratos pesando mais no bolso do trabalhador, outro problema é o risco de o comprador ter que devolver o imóvel, uma vez que terá dificuldade para pagar as prestações. “Se ele já está devendo e contrair nova dívida, terá dificuldade de pagar também as prestações da casa própria."

No caso da pessoa que já escolheu o imóvel, o representante do Ibedec aconselha que não comprometa mais de 20% da renda. “A lei permite 30%, mas, se ela comprometer 20%, terá condições de passar por esse momento de forma mais tranquila. Ele pode, também, dar uma entrada maior, fazendo uma poupança antes ou comprar um imóvel de menor valor, desde que a prestação se encaixe em 20% do orçamento”, destacou Tardin.

Aqueles que pouparem para dar uma entrada maior podem ser beneficiados pela alta de estoque de imóveis, uma vez que a elevação dos juros pode reduzir a procura. Segundo Geraldo Tardin, a queda na procura poder criar um cenário com boas ofertas para os interessados.

A Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) avalia que os financiamentos mais altos serão os mais afetados pelas novas taxas para os novos contratos.

As novas taxas para os financiamentos habitacionais foram anunciadas pela Caixa no dia 15. Nos financiamentos do SFH, os juros variavam entre 8% e 9,15% ao ano e agora ficarão entre 8,5% e 9,15% ao ano. Nas operações do SFH, as taxas passarão de 8,8% a 9,2% ao ano para 10,2% a 11% ao ano. O banco justificou o reajuste com base no aumento da taxa Selic (juros básicos da economia), que passaram de 10% para 11,75% ao ano, em 2014.

O presidente da Associação Nacional dos Mutuários, Marcelo Augusto Luz, mostrou-se preocupado com a elevação dos juros da casa própria. Ele pondera que mesmo as taxas anteriores já eram consideradas altas.

Para Marcelo Luz, os compradores de imóvel na planta que adquirirem das construtoras, para fazer uso do financiamento bancário, principalmente o da Caixa, também serão prejudicados. “Já se alterou o plano de compra do imóvel, porque a partir do momento em que for fechar o financiamento, encontrará taxa a maior. [Esses compradores] vão ter dificuldades nas primeiras prestações e no aumento da dívida porque o saldo devedor acaba sendo alterado também para mais.”

Luz explicou que um imóvel que custa R$ 250 mil, que considera habitação de médio valor, terá a primeira prestação de R$ 2,5 mil pelo Sistema de Amortização Crescente (Sacre), usado pela Caixa. Ele lembrou que é difícil encontrar imóveis abaixo de R$ 190 mil e os que estão cotados acima desse valor serão afetados pelos juros mais altos. “A maioria dos imóveis que são construídos no Brasil tem valor entre R$ 250 mil e R$ 800 mil. A orientação é financiar o menos possível. Se o mutuário for ao banco para fazer a captação de 80% a 90%, provavelmente terá dificuldades, com a queda da renda, ao longo dos anos. Tudo pode acontecer, já que existem contratos com prazos acima de 400 meses”, destaca.

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