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Com renda comprometida, brasileiros devem evitar dívidas novas em 2015

Levantamento divulgado em dezembro pelo Banco Central mostra que em outubro o comprometimento da renda em 12 meses atingiu 46,05%. O nível é o maior desde 2005

por Mariana Branco - Agência Brasil   publicado às 11:30 de 19/01/2015, modificado às 11:30 de 19/01/2015

Os brasileiros contrairão menos débitos novos em 2015, mas enfrentarão aperto para saldar os antigos, segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil. Eles ressaltam que, este ano, os consumidores evitarão comprar bens de maior valor e a prazo, porque estão mais cautelosos e a elevação dos juros restringiu o crédito. Mas, em um primeiro momento, o pé no freio não ajudará a diminuir o comprometimento da renda, pois o nível está elevado, e a renegociação, mais difícil.

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

“As pessoas estão comprando menos. Não se acredita no crescimento da quantidade de pessoas endividadas. Mas fica complicado para quem já está [comprometido com débitos]”, afirma o economista Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec. “Ainda tem um comprometimento alto da renda. Quem conseguiu [renegociar a dívida] em meados do ano passado fez antes de subirem os juros. Quem fizer agora vai repactuar bem mais caro”, acrescenta o economista.

A pesquisa mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sobre endividamento, divulgada no início de janeiro, corrobora a avaliação de Braga. De acordo com os dados, em 2014, o volume de famílias que tomaram empréstimos caiu em relação a 2013, de 62,5% para 61,9%. No entanto, a parcela da renda comprometida subiu no período, de 29,4% para 30,4%. Outro levantamento, divulgado em dezembro pelo Banco Central (BC), mostra que em outubro o comprometimento da renda em 12 meses atingiu 46,05%. O nível é o maior desde 2005, ano do começo da série histórica.

De acordo com Gilberto Braga, para restaurar o equilíbrio financeiro, o consumidor precisará ter muita disciplina. “É preciso que [as pessoas] se disciplinem e não deixem de pagar as parcelas”, recomenda. O economista destaca que será necessário lidar ainda com o cenário adverso da inflação, que contribui para o aperto da renda. “A inflação está resistente, com previsão de [fechar o ano em] 6,6%”, lembrou, referindo-se à estimativa do último boletim Focus, pesquisa semanal feita pelo Banco Central com instituições financeiras. O patamar está acima do teto da meta da inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é 6,5%.

O consultor de varejo Alexandre Ayres, da Neocom Informação Aplicada, afirma que o momento é de retração na aquisição de bens duráveis, como carros e apartamentos, cuja compra é sujeita às condições do crédito. “Há muito pouca perspectiva de retomada”, avalia. Na quinta-feira (15), por exemplo, a Caixa Econômica Federal informou que subirá os juros do financiamento habitacional. Por outro lado, Ayres vê uma breve recuperação no consumo conhecido como de autoindulgência.

“É o consumo que as pessoas usam para compensar o fato de não poderem adquirir um bem de maior valor. Por exemplo, não pode financiar um carro, mas compra uma bolsa”, explica. De maneira geral, no entanto, ele vê 2015 como um ano de “arrumação”, mesmo que forçada. “Nenhum consumidor quer fazer alterações no seu padrão de consumo. Mas o dinheiro está acabando. A solução é não comprar mais do que se pode pagar”, orienta.

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inflação, crédito, compras, consumo, brasileiros, débitos, dívidas, endividamento

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