O recente fechamento de escolas nas províncias de Raqqa e Deir-ez-Zour e em partes de Aleppo rural, na Síria, tem prejudicado a educação de cerca de 670 mil crianças em idade escolar infantil e fundamental, alertou nessa terça-feira (6) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Meninos brincam nas ruas de Aleppo, capital do Estado de mesmo nome, na Síria. Foto: Romenzi/Unicef
Durante uma coletiva de imprensa, o porta-voz do Fundo em Genebra, Christophe Boulierac, advertiu que o conflito entra em seu quinto ano e que 2015 vai oferecer “pouca chance para a educação das crianças”.
Somente entre janeiro e dezembro de 2014 ocorreram pelo menos 68 ataques contra escolas em toda a Síria, informou Boulierac. Esses ataques teriam matado pelo menos 160 crianças e ferido 343. Mas os números reais podem ser bem maiores.
Até o final de 2014, o conflito havia afetado mais de 8 milhões de crianças, sendo 5,6 milhões dentro do país e 1,7 milhão que vivem como refugiados no Líbano, Jordânia, Turquia, Egito e outros países do Norte da África.
O UNICEF destacou que continua pedindo às partes em conflito que respeitem a sua responsabilidade de proteger as crianças, escolas e outras infraestruturas civis, um apelo que foi repetido com uma urgência ainda maior com o ano novo.
“Agora mais do que nunca, as crianças na Síria enfrentam as mais terríveis ameaças à sua segurança, bem-estar e educação”, disse Boulierac.
Respondendo a uma pergunta sobre o número total de crianças fora da escola na Síria, Boulierac disse que a última análise do Setor de Educação do UNICEF, realizada em parceria com o Ministério da Educação local, estimou que entre 2,1 e 2,4 milhões de crianças na Síria estavam fora de escola e/ou não frequentavam suas instalações regularmente.
Segundo o porta-voz do UNICEF, as três províncias onde as escolas tinham sido forçadas a fechar estariam sob o controle do grupo terrorista Estado Islâmico.
Apesar de o Estado Islâmico ter ordenado o fechamento de escolas nas províncias afetadas, o UNICEF alertou que o grupo não tem necessariamente o total controle daquela região, já que – segundo a agência da ONU – a situação no terreno tem mudado constantemente.
Boulierac disse também que em dezembro o grupo terrorista emitiu um decreto ordenando que a educação nas áreas sob seu controle seja interrompida, para que fosse modificado o currículo escolar.