Meio-ambiente / Sustentabilidade
  

Diretor de Itaipu diz que preservação do ambiente evitaria a crise da água

"Não precisamos de catástrofes para saber que a água, o solo e o ar têm de ser bem cuidados para que consigamos construir um mundo melhor", afirmou Jorge Samek

por Mariana Tokarnia - Enviada da Agência Brasil/EBC*   publicado às 10:07 de 28/11/2014, modificado às 10:07 de 28/11/2014

A crise da água no estado de São Paulo evidencia a necessidade de preservação do meio ambiente para que a produção de itens primários seja sustentável no Brasil, disse ontem (27) o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek. "Se fizéssemos a reutilização das águas da chuva e preservássemos a mata ciliar, onde existem córregos e nascentes, a crise de São Paulo seria menos da metade do que está sendo", salientou.

Represa do rio Jagauri, em Vargem-SP, que abastece o sistema Cantareira. Foto: Luiz Augusto Daidone/ Prefeitura de Vargem (12/09/2014)

"Não precisamos de catástrofes para saber que a água, o solo e o ar têm de ser bem cuidados para que consigamos construir um mundo melhor", acrescentou Samek, durante o 2º Fórum de Agricultura da América do Sul, em Foz do Iguaçu, no Paraná.

Dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) indicam que a agritultura é reponsável por 70% do consumo da água doce. Os números revelam, ainda, que 22% são usados na indústria e apenas 8% destinados ao consumo doméstico. Também considera a importância do agronegócio, que garantiu, em 2013, superávit de US$ 2 bilhões na balança comercial brasileira. No mesmo período, o setor registrou superávit de US$ 83 bilhões.

Samek ressaltou que não se trata de deixar de explorar o país, mas de como isso é feito. Segundo ele, o novo Código Florestal (Lei 12.651/2012) é uma vitória. "Foi uma grande arrancada, a parte principal dos problemas a serem resolvidos, principalmente daqueles a serem evitados", assinalou. "Sempre trabalhamos com a hipótese de que a água seria infinita e que poderíamos gastar à vontade".

Com o tema Inovação e Sustentabilidade no Campo, o evento discute o agronegócio mundial a partir da realidade sul-americana. O fórum se encerra hoje (28).

Também se discutiu a necessidade de regulamentação do comércio, contemplando países em desenvolvimento. "Desde que o comércio passou a ser regulado, o que foi conquistado por legislação tem por base interesses de países desenvolvidos. Eles pleiteraram e conseguiram", disse Jorge Fontoura Nogueira, árbitro do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul.

Segundo ele, as questões reguladas, como subsídios de patentes, barreiras sanitárias e fitossanitárias, integram a agenda de países desenvolvidos. "Os países em desenvolvimento têm numerosos interesses e muito a fazer", ressaltou 

A América do Sul responde por 28% do mercado internacional de grãos e cereais e 30% do comércio internacional de carnes (suínos, bovinos e aves). Ou seja, um terço do mercado global de grãos e carnes é da região. De acordo com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, em relação ao mercado brasileiro, o agronegócio, até outubro deste ano, representa 44% das exportações de 2014.

*A repórter viajou a convite da organização do evento

Tags:

água, meio ambiente, preservação, itaipu, samek

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