Sociedade / Arte
  

Fotografia como instrumento de inclusão social é tema de encontro no Rio

O evento faz parte da programação oficial da oitava edição do Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro, que vai até agosto e homenageia os 450 anos da cidade

por Akemi Nitahara – Agência Brasil   publicado às 09:04 de 17/06/2015, modificado às 09:04 de 17/06/2015

A fotografia como instrumento de inclusão social e alfabetização visual em comunidades populares é o tema do 9º Encontro sobre Inclusão Visual, que começou ontem (16) no Museu de Arte do Rio (MAR). O objetivo do evento, que vai até o dia 18, é proporcionar troca de experiências entre diversos projetos que trabalham com o tema.

A fotografia como instrumento de inclusão é tema de encontro no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Segundo a coordenadora executiva do encontro, Marcella Marer, este ano vai ser debatida a inclusão dos fotógrafos que passaram por esse tipo de projeto no mercado de trabalho.

“O FotoLibras [projeto que oferece cursos de fotografia para surdos] está com uma exposição aqui no MAR e já formou diversos fotógrafos surdos, que hoje trabalham com fotografia. Hoje eles estão aqui, fazendo uma exposição, vendendo fotos, e vão fazer a visita guiada. Esses jovens protagonistas, a princípio não teriam acesso à produção fotográfica. Então, a partir de um curso que quis incluí-los visualmente, conseguiram formar um coletivo e hoje trabalham. Isso é um exemplo concreto de uma inclusão visual”, explica Marcella Marer.

Nesta quarta (17), serão apresentados os trabalhos dos grupos de inclusão social. Na quinta-feira (18), haverá um laboratório sobre a desconstrução do olhar e um debate sobre a inclusão de novos fotógrafos no mercado de trabalho. Também será feita uma visita guiada à exposição Por Contato, promovida pelo FotoLibras.

Na palestra de hoje, a fotógrafa espanhola Cristina de Middel abordou a relação ambígua entre a fotografia e a realidade. Conhecida pelo trabalho autoral, como a série The Afronauts, atualmente ela está produzindo a sárie Sharkification, sobre as favelas do Rio de Janeiro. “O trabalho explica a dinâmica das favelas do ponto de vista submarino, como a luta contra o tubarão. Como sou de fora da favela, e estou entrando em um lugar que é considerado perigoso, também é como prender o fôlego para encarar esse submundo, de subcidadãos, que não têm os mesmos direitos que todo mundo. É a minha visão baseada no desconhecimento.”

A previsão é que Sharkification seja apresentada no Paris Photo, em novembro. Sobre a inclusão social, Cristina destaca que uma fotografia sozinha não é capaz de mudar uma realidade, mas leva ao debate sobre o que precisa melhorar.

“O que eu posso fazer é reabrir o debate, pretender que o debate – que já está um pouco travado nas mesmas opiniões – seja visto e abordado de outra maneira. E que as pessoas voltem a refletir para melhor se encontrar uma solução que melhore a vida das pessoas. A minha intenção é que as pessoas reflitam um pouco mais, e não que repitam mecanicamente todas as imagens que vem desses núcleos de informação e de atualidade, que podem ser as favelas ou alguns bairros da África", explicou a fotógrafa.

A primeira edição do Encontro sobre Inclusão Visual ocorreu em 2004 e o evento já faz parte da programação oficial do FotoRio - Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro. A oitava edição do FotoRio vai até agosto e homenageia os 450 anos da cidade com 65 exposições, projeções, palestras, debates, cursos e encontros em 35 museus, centros culturais galerias e espaços alternativos.

Tags:

Transformação, fotografia, inclusão social, oportunidade, foto rio