A Bahia será o primeiro estado do país a receber um complexo híbrido de geração de energia eólica e solar, que será construído pela Renova Energia em Caetité, no Sudoeste baiano. Com investimentos de R$ 130 milhões, o empreendimento terá capacidade instalada de 26,4 megawatts (MW), sendo 21,6 MW de eólicas e 4,8 MW pico de energia solar.
A Renova já recebeu a primeira parcela de R$ 6 milhões do financiamento de R$ 108 milhões firmado com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para iniciar a construção da usina, que está prevista para entrar em operação no início de 2016.
Complexo híbrido de energia renovável em Kesselbronn, Alemanha. Foto: bkingzen
O complexo prevê a instalação de cerca de 20 mil placas fotovoltaicas, que serão ligadas a quatro inversores e, em seguida, a uma subestação. A estação também receberá a energia que será produzida pelos parques eólicos. Segundo o presidente da Renova Energia, Mathias Becker, o objetivo é encontrar uma forma economicamente viável de explorar a energia solar no Brasil.
“Na região de Caetité, as duas fontes são complementares. Na prática, a produção de energia eólica é maior no período noturno, quando a geração de energia solar é praticamente nula. A combinação das duas fontes garante o fornecimento contínuo de energia do projeto e reduz o custo da fonte solar, que separadamente ainda é elevado”, afirmou Becker.
O secretário da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, comemora o pioneirismo. “Nossas jazidas de vento do semiárido baiano, agora serão também solares. A Bahia é o único Estado a ter comercializado energia em todos os leilões com contratações realizadas para a fonte eólica, com investimentos de R$ 12 bilhões”.
Correia lembra ainda que o projeto híbrido da Renova além de usar as fontes naturais de forma sustentável, faz com que elas se tornem competitivas em termos de custo.
Projeto híbrido
O fornecimento de energia firme do complexo, de 12 MW médios (o equivalente ao consumo de uma cidade com 130 mil pessoas), foi comercializado por meio de um contrato de 20 anos de duração no mercado livre.
Segundo a Renova, a empresa deverá incluir projetos de fonte solar e eólica no leilão de energia do tipo "A-5" (que negocia contratos com início de fornecimento em cinco anos), marcado para 12 de setembro, e no leilão de energia de reserva, ainda em estudo pelo governo. No ano passado, a empresa cadastrou 200 MW de fonte solar no leilão "A-5".
O Brasil ainda não tem escala suficiente que justifique a produção de equipamentos de energia solar no país, mas o quadro pode ser mudado caso surja essa demanda através dos leilões. Para justificar a instalação de uma fábrica de painéis fotovoltaicos no Brasil, de acordo com a Renova, seria necessária uma demanda de 30 MW a 50 MW de capacidade de energia solar por ano. Já para as placas, seria necessária uma demanda anual de 300 MW.
“Já atraímos um projeto híbrido para Bahia e hoje temos um importante parque fabril de peças e componentes para o setor eólico. Acredito que podemos começar a alimentar o sonho de novos projetos solares e quem sabe a instalação de fábricas do setor no Estado”, finaliza Correia.
Texto original publicado pelo EcoDesenvolvimento.