A expansão das instalações solares na China e no Japão e os investimentos recordes em projetos eólicos na Europa ajudaram a impulsionar os investimentos globais em energias renováveis em 2014, alcançando o marco de 270 bilhões de dólares investidos – um aumento de 17% em relação aos 232 bilhões de dólares investidos em 2013.
Energia eólica. Foto: Albert Vilchez/Creative Commons
Os dados estão no relatório “Tendências Globais de Investimentos em Energia Renovável”, lançado nesta semana pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) por meio do Centro de Colaboração Escola de Frankfurt-PNUMA para o Financiamento de Energias Sustentáveis e Clima, com apoio da empresa Bloomberg New Energy Finance.
Esse foi o primeiro aumento anual em dólares investidos em energia renovável – excluindo os grandes projetos hidroelétricos – em três anos, e apenas 3% menor que o recorde de 2011. As quedas nos valores nos últimos anos são atribuídas em parte aos preços mais baixos das tecnologias de energia renovável, devido à economia de escala.
O documento destaca também a “rápida expansão” das energias renováveis nos novos mercados dos países em desenvolvimento. O investimento neste grupo de países chegou a 131,3 bilhões de dólares, um aumento de 36% em relação ao ano anterior. Esse é o índice mais próximo observado em relação às economias desenvolvidas, que alcançaram 138,9 bilhões – os países desenvolvidos tiveram um aumento de apenas 3% ao ano.
Apesar de a China liderar de longe esses investimentos – foram 83,3 bilhões de dólares em 2014, aumento de 39% –, o Brasil aparece logo depois, contribuindo para o crescimento dos países em desenvolvimento. O país sul-americano investiu, segundo o relatório do PNUMA, 7,6 bilhões de dólares no ano passado, seguido de perto pela Índia (7,4 bilhões) e pela África do Sul (5,5 bilhões). Esses três países aparecem entre os dez países que mais investiram em energias renováveis em todo o mundo. Além disso, mais de 1 bilhão de dólares foram investidos, separadamente, na Indonésia, Chile, México, Quênia e Turquia.
A capacidade de geração de 103 gigawatts (GW) adicionada em todo o mundo fez de 2014 o melhor ano em termos de capacidade recém-instalada, de acordo com o relatório. Para se ter uma ideia, essa capacidade de geração é equivalente à de todos os 158 reatores de usinas nucleares nos Estados Unidos.
Redução dos custos
Uma queda contínua e acentuada nos custos de tecnologia, particularmente em energia solar, mas também na eólica, significa que cada dólar investido em energia renovável trouxe significativamente mais capacidade de geração em 2014.
Estima-se que a energia renovável contribuiu para 9,1% da geração de eletricidade global em 2014 , acima dos 8,5% em 2013. Isso ajudou para que a emissão do sistema elétrico mundial no ano – 1,3 gigatoneladas de CO2 – não fosse ainda maior.
“Mais uma vez, em 2014, fontes de energia renovável foram responsáveis por quase metade da capacidade de energia adicionada em todo o mundo”, disse Achim Steiner, subsecretário-geral da ONU e diretor executivo do PNUMA. “As tecnologias energéticas não prejudiciais ao clima são agora um componente indispensável ao esquema global de energia, importância que só vai aumentar à medida que o mercado amadurece, os preços de tecnologia continuam a cair e a necessidade de controlar as emissões de carbono torna-se cada vez mais urgente”, acrescentou.
Apesar da melhora, muitos desafios ainda existem – como o desgaste na confiança do investidor, causado pela crescente incerteza em torno das políticas governamentais que apoiem a energia renovável. A queda no preço do petróleo também foi encarado como um empecilho. Entretanto, de acordo com o presidente da Escola de Finanças e Gestão de Frankfurt, Udo Steffens, o preço do petróleo só deve abalar a confiança dos investidores em partes do setor, como a energia solar em países exportadores de petróleo, bem como biocombustíveis na maior parte do mundo.
O investimento global em energias renováveis atingiu um total de 2,02 trilhões de dólares desde 2004, desconsiderando o ajuste da inflação.
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