Os milhões para o esporte no Catar

O campeonato mundial de Handebol organizado no Qatar tem impressionado os amantes do esporte. Foto: Alexandra Panagiotidou/Qatarhandball2015 (19/01/2015)

Já estamos no final de janeiro e, nas últimas semanas, muitos eventos esportivos chamaram a atenção da mídia internacional, mas um, em particular, merece destaque: a Copa do Mundo de Handebol masculino no Qatar.

O investimento no Handebol?

Além dos destaques individuais do mundo esportivo, como a segunda vitória consecutiva do português Cristiano Ronaldo como melhor jogador de futebol do planeta e a eliminação do tenista Roger Federer, já na terceira rodada do Aberto da Austrália, o campeonato de Handebol organizado no Catar tem impressionado os amantes do esporte.

Logo após ser escolhido como país sede do Mundial de Handebol o país estabeleceu como meta organizar o melhor evento da história desse esporte, montando também uma seleção “à altura”, repleta de atletas vencedores. Usando os milhões de dólares provenientes da venda do petróleo e do gás, o Catar seduziu experientes jogadores da Bósnia, de Cuba, da França, entre outros, além de contratar o técnico campeão do mundo em 2013, o espanhol Valero Rivera.

Custando quase 1 bilhão de reais o Lusail Hall, ginásio esportivo construindo para a o evento, é quase uma “pechincha” se comparado aos R$ 121 bilhões que deverão ser supostamente investidos para a Copa do Mundo de Futebol no país, em 2022. Fora das quadras o investimento diretamente relacionados ao Mundial de Handebol também é exorbitante. Após algumas partidas do torneio, foram contratados estrelas da música, como Pharrell Williams e Gwen Stefani, para animar o evento.

Que mensagem o esporte quer dar?

Jogo entre Austria x Tunisia, no Mundial Masculino de Handebol 2015 no Catar: Foto: Alexandra Panagiotidou/Qatarhandball2015 (19/01/2015)

Todo esse investimento massivo no esporte coloca em questão os valores promovidos e qual o melhor destino dos recursos econômico praticados nas diferentes modalidades. Como este blog procura sempre ressaltar, o contributo social do esporte vai muito além da simples promoção de competições e supereventos.

Alguns fatos importantes precisam ser considerados. Recentemente, o Catar foi acusado de comprar votos para conseguir realizar a Copa do Mundo de futebol, tendo de passar por um investigação da FIFA, que obteve um desfecho polêmico, com a renuncia de Jack Warner, vice-presidente da entidade. Além disso, o país foi alvo de denúncias relacionadas ao trabalho escravo, resultando na morte de vários trabalhadores imigrantes.

Em uma sociedade como a nossa, em que os valores universais de base, como o respeito ao outro, parecem estar em uma crescente queda, o esporte tem a missão de ser um dos instrumentos de encontro e de resgate do valor incomensurável do ser humano. Contudo, para que isso aconteça, é fundamental que os agentes esportivos, não sejam movidos pelas ambições econômicas.

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Sobre

Fazer do esporte um instrumento de promoção da fraternidade é aceitar o desafio de descobrir, acima de tudo, a prática de atividades físicas como possibilidade de encontro, de relação. Em uma competição esportiva, o adversário não é um inimigo, nem o jogo uma batalha. Por isso, respeitar as regras predefinidas e preservar um espírito de lealdade e honestidade tornam-se elementos essenciais para que o esporte realize a sua missão socioeducativa. Neste blog, queremos identificar, discutir e descobrir os grandes promotores do esporte no Brasil e no mundo e, com eles, refletir sobre valores que ajudam a edificar a nossa sociedade.

Autores

Valter Hugo Muniz

Jornalista com experiências internacionais na Ásia (Indonésia) e na África (Costa do Marfim). Atualmente mora em Genebra, na Suíça. É formado em jornalismo pela PUC-SP. Trabalhou em agências de comunicação, empresas multinacionais, editoras e na televisão. Concluiu recentemente uma pós-graduação no Instituto Universitário Sophia, em Florença, Itália.